Grupo de funcionários da AIMA cria novo sindicato para técnicos de migração
5 de jun. de 2024, 11:16
— Lusa/AO Online
O novo Sindicato dos Técnicos
de Migração (STM) já tem órgãos definidos e o objetivo é representar os
funcionários que gerem o problema, de modo a “assegurar estabilidade de
condições a quem lida com uma população tão carenciada”, afirmou à Lusa
a dirigente Manuela Niza.“Já foi feita a
primeira reunião e agora é preciso entregar na tutela para fazer
publicar no boletim de trabalho, mas da nossa parte está tudo feito”,
afirmou a responsável. Até agora, o antigo
sindicato do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (Sinsef) era o único
representante dos funcionários da atual AIMA, mas o objetivo desta nova
estrutura é representar a “função específica” de quem trata destes
temas, até porque o SEF foi extinto em outubro de 2023 para a criação da
atual agência, que assumiu também funções do Alto Comissariado para as
Migrações (ACM).“Há um grande
descontentamento. (…) Estas pessoas têm uma formação específica” e
“necessitam de uma representação adequada” junto da tutela, explicou. Principalmente,
“atendendo a que, neste momento, há uma saída programada de pelo menos
cem funcionários, e não é tão fácil assim substituí-los, porque é
preciso dar-lhes formação” e “isso leva tempo”, acrescentou a dirigente,
referindo-se à possibilidade de saída de quase um quarto do pessoal.A
AIMA já tinha défice de pessoas e esta saída de cem funcionários a
curto prazo, porque recorreram a processos de mobilidade dentro da
função pública, vai ainda agravar as carências num momento em que o
governo promete uma estrutura de missão para recuperar os 400 mil
processos pendentes. “Contratar mais 200 pessoas não é suficiente, porque as pessoas vão demorar a terem formação adequada”, explicou Manuela Niza.Uma das exigências do novo sindicato é criar uma “carreira específica” para estes técnicos.“Não
somos um sindicato para apenas exigir, mas um grupo que quer
efetivamente ter uma voz na construção” das novas políticas, porque “a
sensação dentro do serviço é que não há uma linha orientadora”“Não
há uma lógica estrutural” sobre migrações em Portugal, o que gera uma
“situação de vulnerabilidade muito grande que é prejudicial” para os
funcionários. Na segunda-feira, o governo
anunciou uma série de medidas para as migrações, com destaque para a
manifestação de interesse, recurso jurídico que permitia a um
estrangeiro com visto de turista pedir autorização de residência desde
que tivesse 12 meses de descontos para a segurança social. O
recurso a manifestações de interesse em 2019, uma medida agora revogada
no Plano de Ação para as Migrações, foi a “solução possível” porque
“chamar-lhe uma regularização extraordinária ficava mal do ponto de
vista político” à época, comentou Manuela Niza. No entanto, as migrações “não vão deixar de estar na ordem do dia porque a mobilidade humana veio para ficar”.