Grupo de cidadãos diz que despedimentos não resolvem situação financeira da câmara da Praia da Vitória
7 de set. de 2023, 16:31
— Lusa
“Os funcionários da
cooperativa Praia Cultural não são os responsáveis pela delicada
situação financeira do município. O problema é mais abrangente, complexo
e grave. E permanecerá com ou sem redução de custos. Com ou sem
despedimentos. Assistimos hoje a uma degradação progressiva do concelho,
a qual tornar-se-á mais acentuada com a falta de recursos humanos em
perspetiva”, avançou, em comunicado de imprensa, o grupo independente,
que elegeu dois deputados municipais.A
presidente do município da Praia da Vitória (PSD/CDS-PP), Vânia
Ferreira, anunciou, na segunda-feira, em conferência de imprensa, que a
autarquia iria internalizar até ao final do ano a cooperativa Praia
Cultural (CPC), integrando 91 funcionários e despedindo 37, que se somam
a outros 35 que já tinham aceitado rescisões por mútuo acordo e a dois
absorvidos por entidades externas.PS e BE
criticaram a decisão, enquanto o PSD acusou o PS, que liderou o
executivo camarário durante 16 anos, até 2021, de ter levado o município
à bancarrota.Em comunicado de imprensa,
o grupo de cidadãos, cujo cabeça de lista às eleições autárquicas foi
vereador do PS no anterior mandato, disse que o despedimento de 37
funcionários da cooperativa é uma “opção política”, que não teria
tomado.“A escolha por uma perspetiva
exclusivamente economicista, sem olhar à componente humana e social no
seu todo, só pode ser justificada pela ânsia de expor politicamente a
insustentabilidade financeira a que o Partido Socialista conduziu a
Câmara Municipal da Praia da Vitória”, salientou.Segundo
os independentes, os funcionários da cooperativa estão a ser
“injustamente usados como bode expiatório face à incapacidade do
executivo camarário para encontrar um rumo alternativo, equilibrado e
sensato para enfrentar o problema”.“Durante
todo o processo, exigia-se – exige-se – transparência e capacidade de
diálogo da parte do executivo. Exige-se que este trabalhe afincadamente
no sentido de alcançar um envolvimento efetivo do Governo Regional dos
Açores. Exige-se que proporcione condições para que os setores
empresariais e associativos do concelho possam tornar-se parceiros da
autarquia na busca de melhores soluções”, sublinharam.O
grupo “Esta é a Nossa Praia” defendeu, por outro lado, que o processo
de reequilíbrio financeiro do município deve ser “gradual, paciente” e
“alheio à impulsividade da guerrilha político-partidária”.“A
Praia da Vitória é hoje um campo de batalha onde predomina a troca de
acusações insensatas, partilhadas entre a coligação PSD/CDS-PP e o
Partido Socialista. Contudo, os munícipes, as famílias, as empresas e as
entidades de caráter associativo, não têm de ser forçosamente as
vítimas das questões ‘viscerais’ dos partidos políticos”, vincou.Segundo
os cidadãos eleitores, o plano de reestruturação financeira do
município vai prolongar-se por 20 anos, que “não serão fáceis”.“Trata-se
de um plano que despede trabalhadores e, por outro lado, aumentará os
apoios financeiros prestados às diferentes entidades do concelho”,
apontaram, acrescentando que o documento “não oferece quaisquer
garantias aos munícipes relativamente ao aumento do IMI [Imposto
Municipal sobre Imóveis] e da Derrama”.O executivo
municipal da coligação PSD/CDS-PP admitiu a possibilidade de
despedimentos na cooperativa na sequência de uma auditoria às contas do
denominado grupo municipal (Câmara Municipal, Praia Cultura e Praia
Ambiente), que identificou um passivo de 33,2 milhões de euros.