Grupo de 1.400 advogados britânicos pede ao governo novo referendo
Brexit
5 de nov. de 2018, 10:13
— Lusa/AO Online
Numa
carta dirigida a May e divulgada hoje, os 1.400 advogados - entre os
quais o ex-juiz do Tribunal de Recurso, Konrad Schiemann e o antigo juiz
do Tribunal de Justiça europeu, David Edward – defendem a realização de
uma segunda consulta sobre os termos do acordo com Bruxelas
argumentando que no referendo de 2016 os eleitores desconheciam o
processo de negociação com a União Europeia. “A
natureza e os resultados do processo de negociação eram desconhecidos.
Os eleitores estavam perante uma eleição entre uma realidade conhecida e
uma alternativa desconhecida. Na campanha de 2016, afirmações não
provadas substituíram os factos e a realidade”, sublinham os
subscritores. No
referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, realizado no
dia 23 de junho de 2016, decidiram por maioria abandonar o bloco
europeu. Na
carta, os advogados assinalam que o Parlamento “não tem de estar mais
vinculado ao voto de 2016 do que ao referendo de 1975” que apoiou a
participação do Reino Unido na União Europeia. “Havia
uma diferença importante entre 1975 e 2016. O primeiro referendo foi
convocado depois de estarem concluídas as negociações pelo qual os
eleitores sabiam no que estavam a votar. Em 2016, a natureza do processo
de negociação e o resultado eram desconhecidos”, assinalam os
advogados. “Os
eleitores têm o direito de saber sobre aquilo em que estão a votar”,
acrescentam os subscritores referindo-se ao eventual acordo entre
Londres e a União Europeia. O
advogado Jonathan Cooper, especialista em direitos humanos, assinalou
hoje que o atual estado das negociações sobre o Brexit “preocupa" todo o
país.“Esta
carta dirigida à primeira-ministra foi assinada por mais de mil colegas
meus que estão convencidos de que não é apenas o voto do povo que deve
ser respeitado, mas também aquilo que é mais democrático”, afirma.Mesmo
assim, um porta-voz do governo britânico indicou que “o povo do Reino
Unido já se manifestou num dos maiores exercícios democráticos que o
país alguma vez assistiu e que a primeira-ministra já afirmou que não
vai realizar-se um segundo referendo”. A
carta dos advogados é divulgada depois de a imprensa britânico ter
publicado notícias durante o fim de semana de que o governo de Londres e
a União Europeia estão a ultimar os detalhes sobre o acordo de forma
consensual no que diz respeito à fronteira irlandesa e à futura relação
comercial”.As notícias indicam que o acordo pode ser alcançado nos próximos dias. De
acordo com o Sunday Times, May conseguiu “em privado” certas concessões
de Bruxelas para fechar o acordo, em grande parte dependente da questão
da fronteira da província britânica da Irlanda do Norte, sem prejudicar
o processo de paz.