Grupo criado pela Igreja para apoiar vítimas de abusos é apresentado em Lisboa
26 de abr. de 2023, 06:21
— Lusa/AO Online
Denominado
Grupo VITA - Grupo de acompanhamento das situações de abuso sexual de
crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em
Portugal -, este projeto será liderado pela psicóloga Rute Agulhas - que
até agora integrava a Comissão Diocesana de Lisboa de Proteção de
Menores - e a sua ação terá um horizonte temporal de três anos.“Será
constituído por uma equipa de profissionais tecnicamente competentes e
terá a missão de acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de
abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja em
Portugal, dando atenção às vítimas e aos agressores”, esclareceu a
Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na passada quinta-feira, quando
anunciou a constituição do Grupo VITA.Além
de Rute Agulhas (especialista em Psicologia Clínica e da Saúde com
especialidades avançadas em Psicoterapia e Psicologia da Justiça), o
Grupo VITA será constituído por Alexandra Anciães (psicóloga,
experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas), Joana
Alexandre (psicóloga, docente universitária e investigadora na área da
prevenção primária dos abusos sexuais), Jorge Neo Costa (assistente
social, intervenção com crianças e jovens em perigo), Márcia Mota
(psiquiatra, especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas
e agressores sexuais) e Ricardo Barroso (psicólogo, docente
universitário e especialista em intervenção com agressores sexuais).Haverá
ainda um grupo consultivo, com a participação do padre João Vergamota
(especialista em Direito Canónico) e Helena Carvalho (docente
universitária especialista em análise estatística). Será ainda integrado
um advogado/jurista, especialista em crimes de natureza sexual, cujo
nome não foi definido. Segundo a CEP,
prevê-se que este grupo promova a elaboração de um manual de prevenção
para a Igreja Católica portuguesa e colabore com a Equipa de Coordenação
Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos
Vulneráveis, presidida pelo antigo procurador-geral da República, José
Souto de Moura, “no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como
na formação preventiva dos agentes pastorais”.A
criação do Grupo VITA surge na sequência do trabalho da Comissão
Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja
Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de
quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e
2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815
vítimas.Como consequência, algumas
dioceses decidiram afastar cautelarmente do ministério alguns padres,
enquanto decorrem os respetivos processos.