Greve nacional dos polícias municipais com "adesão média de 90%"
28 de nov. de 2018, 15:59
— Lusa/AO Online
Além
da revisão da carreira, os polícias municipais exigem ainda o fim da
desigualdade entre o modelo dos agentes de Lisboa e do Porto, afetos à
PSP, e os do resto do país, que existem em 32 concelhos.Segundo
Pedro Oliveira, do Sindicato Nacional de Polícias Municipais (SNPM), a
estrutura apresentará nos próximos dias uma queixa à Organização
Internacional do Trabalho (OIT), “por causa das condições de trabalho
destes polícias e por causa da desigualdade em relação a Lisboa e Porto,
para ver se surge pelo menos uma recomendação ao Governo” sobre este
assunto.Pedro
Oliveira salientou ainda que foram recebidos por assessores de António
Costa e que tem “esperança de, em breve, serem chamados para negociar”,
caso contrário este será “um protesto de muitos”.Os
agentes realizam hoje uma greve de 24 horas com uma média de adesão de
90%, “nuns municípios maior do que noutros”, o que “mostra o
descontentamento”, segundo o sindicalista.A
concentração de polícias teve início no largo de Santos, em Lisboa, de
onde iniciaram, pouco antes das 12:00, uma caminhada até à residência
oficial do primeiro-ministro, onde entregaram um documento com estas
reivindicações.Pelo
caminho, os polícias usaram apitos e cartazes onde se podiam ler frases
como: “Revisão e valorização da carreira”, “Polícia Municipal está em
luta”, ”Unidos somos mais fortes”, “Polícia Municipal que futuro?” e
“Estatuto já!”.“Acima
de tudo, relativamente à legislação que nos rege, urge, com urgência,
que quem de direito que faça as devidas atualizações, nomeadamente no
que concerne ao estatuto, às categorias, às carreiras, ao vencimento e
tabela salarial, porque deveres há muitos e direitos nem vê-los”,
sintetizou Sandra Seixas, uma das manifestantes, agente em Oeiras há 15
anos.Sandra
Seixas realçou que os agentes são comparados a assistentes técnicos da
administração local, mas, ao contrário de um técnico que trabalha de
segunda a sexta-feira, com horário fixo, o agente de polícia municipal
trabalha todos os dias do ano e em todos os horários.“É complicado. Se trabalhamos mais acho que, pelo menos, temos de ser reconhecidos pelo trabalho que fazemos”, sublinhou.Miguel Pereira deslocou-se de Ponta Delgada, nos Açores, porque está na hora de “o Governo lhes dar ouvidos”.“Estamos
aqui a pedir um estatuto próprio de agentes da polícia municipal para
que haja uma uniformização a nível nacional, para não haver uma
discrepância em Lisboa e no Porto”, realçou, salientando que o salário
destes agentes “é péssimo, fazendo uma comparação com os outros
funcionários públicos”.José
Abraão, do Sindicato Nacional da Administração Pública (SINTAP),
salientou que o protesto exige que o Governo e a Associação Nacional de
Municípios Portugueses olhem para os polícias municipais, que, a seu
ver, têm sido abandonados nos últimos 10 anos em 32 municípios.Abraão
salientou que estes trabalhadores não têm um estatuto nem aumentos há
quase 10 anos e que a carreira, que deveria ter sido revista em 2009,
ainda não o foi.“Havia
necessidade de rever esta carreira já em 2009 e ainda nem sequer têm
uma proposta”, disse, salientando que pretende-se que o Governo “abra um
processo negocial para que a carreira seja dignificada e que se
compatibilize pelas funções que os agentes desempenham”.“Um
trabalhador agente de PM entra a ganhar 683 euros, leva cerca de 550
euros para casa e é altura de alterar tudo isso”, acrescentou.Existem polícias municipais em 32 concelhos do país, com um total de cerca de mil elementos.