Greve na Rede de Apoio ao Cidadão dos Açores encerra algumas lojas
12 de out. de 2020, 13:49
— Lusa/AO Online
Os
trabalhadores assistentes técnicos da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão
(RIAC) dos Açores iniciaram uma greve de uma semana pelo “direito à
negociação coletiva e à valorização profissional das suas funções”.A
delegada sindical do Sindicato dos Trabalhadores da Administração
Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP) pela ilha de são
Miguel dos trabalhadores da RIAC Carmen Araújo disse à Lusa que neste
primeiro dia de paralisação não é ainda possível avançar com um número
exato da adesão, porque o funcionamento de "muitas lojas" está "a ser
assegurado por trabalhadores ao abrigo de programas ocupacionais,
evitando o fecho". "Mesmo assim há lojas encerradas nas ilhas de São Miguel, Terceira e Flores", acrescentou Carmen Araújo.A
delegada sindical frisou que esta é "uma greve de uma semana", daí "ser
normal que a adesão seja faseada", mas "perspetiva-se uma boa adesão"."Não há abertura de negociações por parte da vice-presidência", lamentou ainda a delegada sindical.Numa
nota enviada às redações, a RIAC – Agência para a Modernização e
Qualidade do Serviço ao Cidadão, I.P. - informa que a percentagem de
adesão à paralisação "registada esta segunda-feira, às 10:00 não vai
além de 7% dos trabalhadores abrangidos, tendo-se registado, apenas,
nove trabalhadores em greve".De acordo com
o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades
com Fins Públicos (SINTAP/Açores) a paralisação, que decorre até 16 de
outubro, é uma “luta, que já se arrasta há algum tempo” e que foi
iniciada “com a reivindicação da criação de uma carreira específica" em
virtude da "exigência, complexidade, abrangência e responsabilidade das
inúmeras funções" destes trabalhadores.“Refugiando-se
inicialmente no argumento da falta de competência da região, a
vice-presidência do Governo Regional dos Açores (VPGRA) acabou por
assumir finalmente a sua falta de vontade política na satisfação desta
reivindicação pelo receio do precedente que ela poderia criar junto de
outras carreiras. Na reunião em que tal foi dito, o vice-presidente
afirmou, contudo, que autorizaria a mobilidade dos trabalhadores para
outros serviços que lho pedissem. Desde então, mais de 26 trabalhadores
qualificados acabaram por sair da RIAC", aponta o SINTAP/Açores. Ainda
de acordo com o sindicato, "muitos" daqueles trabalhadores que saíram
da RIAC para outros serviços "têm sido substituídos por trabalhadores de
programas ocupacionais" e "degradando" o serviço.Com
a recente publicação da carreira dos trabalhadores dos matadouros da
região, na qual viram reconhecidas pelo Governo Regional a natureza
específica das suas funções através da criação de um suplemento
remuneratório, os trabalhadores da RIAC através do SINTAP "apresentaram
uma nova proposta em que manifestavam a sua disponibilidade de negociar
uma valorização das suas funções por esta via", mas "até ao momento" não
obtiveram "qualquer resposta", aponta ainda o sindicato. Neste
contexto, o sindicato esclarece que "os trabalhadores da RIAC
resolveram avançar" com a greve, com o objetivo de "protestar e lutar
pelo seu direito à negociação coletiva em torno da nova proposta de
valorização profissional das suas funções à semelhança daquilo que o
Governo Regional fez com os seus colegas dos matadouros da região".Estes
trabalhadores da RIAC têm vindo a fazer vários períodos de greve, em
defesa de "uma carreira específica", alegando o sindicato que o trabalho
que estes funcionários desempenham "é complexo", reivindicando a
criação de uma carreira especial, que permita, entre outras coisas, a
valorização remuneratória daqueles trabalhadores.O executivo açoriano tem sublinhado que não tem competência legal para criar carreiras específicas.