Greve na função pública na sexta-feira pode encerrar escolas e cancelar consultas
25 de out. de 2018, 08:46
— Lusa/AO Online
As três estruturas sindicais que convocaram a paralisação manifestaram à
agência a sua convicção de que "esta vai ser uma grande greve nacional
na administração pública, tendo em conta o descontentamento demonstrado
pelos trabalhadores".
Inicialmente a greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da
Administração Pública (CGTP) para pressionar o Governo a incluir no
Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) a verba necessária para aumentar
os trabalhadores da função pública, cujos salários estão congelados
desde 2009.
Mas, após a última ronda negocial no Ministério das Finanças, no dia 12,
a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e o
Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), ambos filiados na UGT,
anunciaram que também iriam emitir pré-avisos de greve para o mesmo dia.
Para a
coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, "a expectativa relativamente à
greve é cada vez maior, pois os trabalhadores estão cada vez mais
determinados".
Segundo a sindicalista, os primeiros resultados do protesto serão
sentidos nos hospitais, na mudança de turno das 23 horas (menos uma nos Açores), e nos serviços de
saneamento das autarquias, onde a recolha de lixo começa a partir das
22h30. Por isso, a sindicalista vai fazer uma primeira ronda por dois desses locais, acompanhada pelo secretário-geral da CGTP, arménio Carlos.
Ana Avoila considerou que os trabalhadores ficaram ainda mais
mobilizados depois de conhecerem a proposta de OE2019 e perceberem que
vão continuar sem aumentos. O secretário-geral da FESAP, José Abraão, manifestou idêntica opinião e expectativa quanto à paralisação de sexta-feira.
"Dos contactos que tivemos com os trabalhadores pudemos concluir que
esta vai ser uma grande greve nacional na administração pública, com
repercussões em todos os setores", disse à Lusa.
A presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), também
confirmou que os seus associados estão empenhados em mostrar o seu
descontentamento ao Governo.
Os sindicatos da função pública e os seus representados ficaram
desiludidos com o anúncio, pelo ministro das Finanças, de que o OE2019
tem uma margem de 50 milhões de euros para o crescimento dos salários. Foram unânimes em considerar que 50 milhões de euros não chega para aumentar os trabalhadores de Administração Pública.
Embora defendam aumentos salariais diferentes, entre os 3% e os 4%, as
três estruturas sindicais estão de acordo na maior parte das
reivindicações, querem que o descongelamento de carreiras deixe de ser
faseado, que o subsídio de refeição seja aumentado e a reposição de
direitos, como os 25 dias úteis de férias. A Frente Comum reivindica aumentos de 4% e um aumento mínimo de 60 euros, para quem ganhe até 1.500 euros. A FESAP reivindica 3,5% de aumento e o STE reivindica 3%.