“O presidente da
Atlânticoline fala em aumentos de 13%, mas isso não é verdade”,
Clarimundo Batista, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Marinha
Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pescas (SIMAMEVIP), que
lançou um pré-aviso de greve, com início em 7 de março, mas sem prazo
para terminar.Em declarações à Lusa, o
dirigente sindical defendeu que o aumento proposto pela empresa é, na
prática, “de apenas 6%”, já que a atualização das tabelas salariais para
os trabalhadores da empresa já previa outros aumentos para o corrente
ano.“O diferencial da cláusula que foi
assinado em 2022, embora não haja reunião entre as partes, aplica-se
automaticamente, pelo automatismo previsto no AE [acordo de empresa]”,
lembrou Clarimundo Batista, adiantando que “está nas mãos do Conselho de
Administração da Empresa pôr fim a esta greve”.Francisco
Bettencourt, presidente do Conselho de Administração da Atlânticoline,
considera, no entanto, “incomportável” o aumento salarial exigido pelo
SIMAMEVIP, de quase 22%, apenas para os “maquinistas de primeira”, e
garante que a empresa vai tratar todos os trabalhadores “da mesma
forma”.“Não faz sentido destacar uma
determinada categoria das restantes. Para nós, todos os trabalhadores
são importantes, por isso, o aumento tem de ser equitativo para todos”,
insistiu o administrador da empresa, que espera agora que o sindicato e
os trabalhadores possam chegar a um entendimento para evitar que a greve
se prolongue por muito tempo.O presidente
da Atlânticoline lembrou que os trabalhadores da empresa já beneficiam
de regulamento específico para atividade marítima, o que implica que não
paguem IRS e que os descontos para a segurança social estejam limitados
a 1,9%, o que significa que a esmagadora maioria dos aumentos salariais
se reflitam diretamente no vencimento líquido.“A
Atlânticoline está disponível para, existindo abertura por parte do
SIMAMEVIP, encontrar um patamar de entendimento que permita valorizar os
seus colaboradores, mas que não coloque a viabilidade económica e
financeira da empresa em risco”, advertiu Francisco Bettencourt.O
Tribunal arbitral procedeu, entretanto, à fixação dos serviços mínimos
que terão de ser cumpridos durante o período de paralisação,
nomeadamente, duas ligações marítimas entre as ilhas do Faial e do Pico,
uma viagem diária entre Faial, Pico e São Jorge e duas ligações
semanais entre as Flores e Corvo.