Greve na Atlânticoline cancelou 15,3% das viagens entre ilhas dos Açores em fevereiro
28 de fev. de 2022, 17:18
— Lusa/AO Online
A
paralisação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha
Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP)
arrasta-se desde dezembro e há já um novo pré-aviso de greve para o mês
de março.De acordo com informações
avançadas à agência Lusa pela Atlânticoline, empresa de transporte
marítimo entre ilhas açorianas, “entre 01 a 27 de fevereiro foram
canceladas, devido à greve, 15,3% da totalidade de viagens previstas”.“Do
universo de trabalhadores da empresa, 21 fizeram greve em algum
momento, dentro do período em análise, o que representa 20% dos
trabalhadores”, indicou ainda a empresa.O
Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens,
Transitários e Pesca (SIMAMEVIP), apresentou um novo aviso prévio de
greve na Atlânticoline, a partir de terça-feira e até 31 de março.A
Atlânticoline já divulgou os serviços mínimos fixados tendo em conta o
novo pré-aviso de greve dos trabalhadores em março, a quarta paralisação
desde dezembro de 2021.Assim, o Tribunal
Arbitral definiu como serviços mínimos diários as viagens da Linha Azul
Horta/Madalena, das 07:30 e 17:15, e Madalena/Horta, das 08:15 e 18:00
e, na Linha Verde, as das 09:00, 09:40, 11:15 e 12:50 entre
Horta/Madalena, Madalena/Velas, Velas/Madalena, Madalena/Horta,
respetivamente."As viagens definidas como
de serviços mínimos terão a sua realização garantida [naturalmente
sujeitas às condições meteorológicas], sendo que todas as demais poderão
ou não realizar-se, consoante a adesão dos colaboradores à greve",
explicou a empresa.Ficam "assegurados
todos os serviços necessários à realização das operações de transporte
determinadas por situações de emergência, designadamente de urgência
hospitalar, naufrágio, intempérie ou outras situações de força maior,
entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge", informou ainda a
Atlânticoline.A greve na Atlânticoline
decorre desde dezembro de 2021, mantendo-se o diferendo entre a empresa
pública de transporte marítimo entre ilhas e o Sindicato.A
Atlânticoline considerou recentemente que o sindicato "tem agido com
má-fé negocial", justificando que "sempre que a empresa acede ao aumento
proposto, o sindicato propõe mais alterações, mantendo as negociações
num constante impasse".O sindicato "exige aumentos salariais fora da razoabilidade", apontou a empresa.Hoje,
em declarações à Lusa, o dirigente sindical, Clarimundo Baptista, disse
que houve em fevereiro "uma adesão significativa" dos trabalhadores à
greve."Há dois grupos, o de mestres e o de
marinheiros. E, basta um mestre fazer greve para parar a embarcação",
assinalou o dirigente sindical, reiterando que o sindicato "nunca
interrompeu as negociações" e está disposto a reunir com a empresa.O dirigente sindical voltou a responsabilizar a administração e o gabinete jurídico da empresa pela atual situação de impasse."Já
enviamos uma contraproposta. Mas, não assinamos propostas feridas de
ilegalidades e que prejudicam os trabalhadores", sustentou Clarimundo
Baptista.O Sindicato alega que a Atlânticoline "quer ocultar trabalho extraordinário"."Não
podemos é ocultar que a empresa usa anualmente 700 horas a mais, quando
a lei prevê no máximo 200 horas anuais. A situação não foi criada por
nós. O problema chegou quando os trabalhadores pediram aumentos",
sustentou Clarimundo Baptista.