Greve dos professores com adesão a rondar os 90%
2 de nov. de 2022, 11:52
— Lusa/AO Online
“Os níveis de adesão estão muito próximos dos
da greve anterior, ou seja, na ordem dos 90%. Há muitas escolas fechadas
de norte a sul do país e outras estão abertas, mas não estão a decorrer
aulas por falta de professores”, disse à Lusa João Dias da Silva,
remetendo para mais tarde dados concretos sobre a paralisação.Os
professores cumprem hoje uma greve nacional em protesto contra a
alegada falta de investimento do Governo na educação, que entendem estar
exposta na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2023.A
Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a Federação Nacional de
Educação (FNE), o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores
(SINDEP), a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL) e o
Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e
Universidades (SPLIU), entre outras plataformas que convocaram a greve,
exigem a valorização da carreira docente, o combate à precariedade e a
necessidade de promover o rejuvenescimento do setor.As
várias estruturas sindicais associadas aos professores e educadores
escolheram o dia de hoje para fazer coincidir a greve nacional com a
intervenção do ministro da Educação, João Costa, na Assembleia da
República, em defesa da proposta orçamental para o setor no próximo ano.“É
este subfinanciamento, que se está a tornar crónico, que impede a
melhoria das condições de trabalho nas escolas, a melhoria das condições
de aprendizagem dos alunos e, no caso dos profissionais docentes, que
impede a tomada de medidas que confiram atratividade à profissão,
levando os jovens professores a abandonarem, os jovens que concluem o
secundário a não procurarem os cursos de formação de docentes e os mais
velhos a ansiarem pelo momento da sua aposentação”, referiu em
comunicado, em 20 de outubro, a Fenprof.Já
a FNE apelou à criação de estímulos para atrair professores para zonas
mais desfavorecidas ou com falta de profissionais, à conclusão do
processo de recuperação do tempo congelado e ao respeito pelos limites
do tempo de trabalho, além da substituição do atual modelo de avaliação
de desempenho. Por sua vez, o SINDEP
justificou o uso da “legítima arma da greve” na expectativa de que leve o
Ministério da Educação a “voltar à mesa para uma verdadeira negociação e
não para um mero ‘faz de conta que negociamos’”. A estrutura sindical criticou ainda a ausência de uma medicina de trabalho para o setor.A
ASPL lembrou que Portugal fica aquém das metas de investimento no
ensino observadas pela OCDE – Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico e que deveriam ser aumentadas as verbas para
eliminar o défice no custo anual de formação dos alunos e na carreira
docente, enquanto o SPLIU defendeu um processo negocial sério com a
tutela, resumindo que “este é o momento de os educadores e professores
retomarem a união e assumirem o seu descontentamento de forma unida”.