Greve dos enfermeiros fecha blocos operatórios e condiciona serviços
2 de ago. de 2024, 11:35
— Lusa/AO Online
“A
expectativa é muito elevada face à ausência de resposta aos problemas
dos enfermeiros por parte do Ministério (…). Já sabemos de internamentos
com 100% de adesão à greve, disse à agência Lusa a coordenadora da
direção geral do Porto do SEP, Fátima Monteiro."Os
cuidados paliativos e as unidades de saúde familiares também estão a
ser muito afetados, muitos blocos [de cirurgia] estão a 100% também”,
adiantou sem precisar as localizações.À
porta do Hospital de São João, no Porto, para onde está marcada uma das
várias concentrações de enfermeiros de hoje, a dirigente sindical voltou
a criticar a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, considerando que
esta “insulta” a classe.“Os valores que
está a propor são insultuosos. Os enfermeiros que deram resposta à
covid-19 e estiveram na vacinação e tanto foram aplaudidos, estão a ser
insultados”, disse Fátima Monteiro.Os
enfermeiros do SNS estão hoje em greve nos turnos da manhã e da tarde
para exigir a valorização da carreira e a melhoria das condições de
trabalho.A greve foi convocada pelo SEP no
dia 16 de julho, alegando que a apresentação da proposta de alteração
das grelhas salariais continuava por cumprir, o que levou à suspensão
das negociações na reunião marcada para esse dia.O
SEP voltou a reunir-se na quarta-feira com a ministra da Saúde e no
final do encontro o presidente do SEP, José Carlos Martins, afirmou aos
jornalistas que a greve se mantinha, porque a proposta apresentada pelo
Governo continua a ser inadmissível, intolerável” e como tal os
enfermeiros têm “razões acrescidas para manifestar a sua fortíssima
indignação”.Segundo José Carlos Martins, o
Ministério da Saúde propôs, na grelha salarial da categoria de
enfermeiro, um aumento de 52 euros para todas as posições
remuneratórias.Além disso, nas grelhas
salariais de enfermeiro-especialista e enfermeiro-gestor, o “Governo
propõe não alterar grelha nenhuma”, afirmou o dirigente sindical,
adiantando que a proposta prevê, porém, que os enfermeiros que estão
hoje nessas categorias possam dar um “salto de uma posição
remuneratória”. Essa proposta significa
que, para “quem entrar no futuro, o valor económico do trabalho dos
enfermeiros especialistas e chefes se mantém exatamente igual ao que
hoje temos”, lamentou.À Lusa, Fátima Monteiro questionou: “Será que acha desprezível o trabalho destes enfermeiros?”.Para
a responsável “é inaceitável que não haja uma proposta que reflita a
valorização dos enfermeiros”, razão pela qual fica a certeza de que “um
conjunto de lutas que se vão seguir a esta”.Os
enfermeiros reclamam também a “reafirmação das 35 horas semanais como
regime de trabalho dos enfermeiros”, formas de compensar o “sistemático
recurso a trabalho extraordinário para colmatar a carência de
enfermeiros” que agrava o risco e a penosidade do exercício da
profissão.Quanto a dados mais precisos sobre a adesão à greve, o SEP remeteu esclarecimentos para meio da manhã.