Greve dos enfermeiros adiou mais de 10 mil cirurgias segundo associação sindical
2 de jan. de 2019, 08:54
— Lusa/AO Online
"Os números que
temos são de referência, pois só os hospitais têm números concretos",
comentou a dirigente, acrescentando que a média de adiamentos foi de 500
cirurgias por dia útil.Lúcia
Leite indicou ainda que a expectativa dos sindicatos é que na próxima
reunião de negociações, na quinta-feira, o Governo "esteja disponível
para chegar a um entendimento".A
paralisação, que durou mais de um mês, colocou o setor da saúde em
convulsão pelo seu caráter inédito, não só por ser prolongada no tempo,
mas também porque um movimento de enfermeiros criou uma recolha de
fundos através da Internet para financiar os grevistas."Teve
impacto financeiro nas instituições de alguns milhões de euros, e a
nossa expectativa é que o Governo mude de opinião", disse.A
greve foi convocada por duas estruturas sindicais, mas depois de o
movimento “greve cirúrgica” ter já iniciado a recolha de fundos que
conseguiu recolher mais de 360 mil euros.Iniciada
a 22 de novembro, a greve abrangeu cinco centros hospitalares: Centro
Hospitalar S. João (Porto), Centro Hospitalar e Universitário do Porto,
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa
Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.Em
declarações de balanço hoje à agência Lusa, Lúcia Leite, presidente de
um dos sindicatos que convocou a greve, comentou que os enfermeiros
"conseguiram demonstrar a sua posição, prejudicando o mínimo possível de
doentes"."Claro
que os enfermeiros não podem fazer greve sem prejudicar os doentes, mas
são sobretudo pessoas que esperam por cirurgias há um ou mais anos",
disse sobre os adiamentos que motivaram alertas, avisos e manifestações
de preocupação entre vários atores da área da saúde.Acrescentou que a proposta que o Governo tem apresentado "é inegociável, e não resolve os problemas dos enfermeiros"."Os enfermeiros perderam a sua carreira. Tinham cinco categorias e agora têm só uma", argumentou.Lúcia
Leite indicou que a expectativa dos sindicatos é que na próxima reunião
de negociações, o Governo "esteja disponível para chegar a um
entendimento".A
próxima reunião negocial, com o Ministério das Finanças e o Ministério
da Saúde, realiza-se na quinta-feira, às 16:30, na Administração Central
do Sistema de Saúde, em Lisboa.Os
administradores hospitalares denunciaram que haveria doentes em
situações críticas com cirurgias adiadas, considerando o panorama
“extremamente grave”.A
Ordem dos Médicos também alertou para doentes prioritários que não
estariam a ser operados e insistiu que os hospitais deviam divulgar os
casos dos doentes com cirurgias adiadas. A Ordem chegou a fazer esta
exigência às administrações das unidades de saúde recorrendo à
legislação que obriga a facultar dados e documentos administrativos.Da
parte do Governo, a ministra da Saúde considerou desde logo, mesmo
antes do início do protesto, que a greve era “extraordinariamente
agressiva”, mas foi recusando negociar com os sindicatos que convocaram a
paralisação enquanto esta decorria.Entre
as reivindicações dos enfermeiros estão a criação de uma categoria de
especialista na carreira, a antecipação da idade da reforma e melhoria
de condições no Serviço Nacional de Saúde.