Autor: Lusa/AO Online
"A adesão à greve
está a 100% por parte de uma única classe, esta greve está a ser
reivindicada por uma classe que é a classe de marinheiros e portanto
aquilo que se verifica é que de facto eles conseguem parar uma empresa",
admitiu Carlos Faias, garantindo que "o restante pessoal" da empresa
está a trabalhar. O
presidente do conselho de administração da empresa pública de
transporte marítimo de passageiros e viaturas nos Açores explicou que
foram desenvolvidos "todos os esforços para tentar chegar a um acordo"
com o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de
viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP). "O
sindicato rejeitou aquelas que eram as nossas propostas, aliás o
sindicato foi tendo até uma atitude de exigências contínuas, ou seja,
definiam determinado valor, determinado patamar e quando nós atingíamos
esse valor, a seguir vinha com outras reivindicações, e por isso não foi
efetivamente possível chegar a acordo", disse. Carlos
Faias garantiu que a empresa estava disposta a chegar a "aumentos
salariais na ordem dos 12,5%", acedendo às exigências dos sindicalistas
mas surgiram "novas razões" para a recusa do sindicato. "Já
não eram os valores que estavam em causa, mas era o facto de não
aceitarem a avaliação de desempenho como sendo a base do sistema de
progressão de carreira e portanto essa do nosso lado foi uma
reivindicação que esteve sempre desde que nos apresentamos para fazer a
revisão do acordo de empresa ", sublinhou. O
responsável admitiu que só estará aberto "a novas negociações" desde
que sejam retirados os pré-avisos de greve, realçando que a proposta que
estava em cima da mesa "caiu". "Se até ao dia de hoje (domingo) em que já estamos em serviços mínimos,
tivéssemos de alguma forma conseguido parar a greve, travar a greve,
estávamos dispostos a chegar até aquilo que tinham sido as nossas
propostas. Neste momento, não foi possível chegar e já estamos em
serviços mínimos, obviamente que estamos a conseguir responder áquilo
que são as necessidades sociais impreteríveis mas há outras que vão
ficar afetadas e portanto cai por base aquilo que eram as premissas da
nossa proposta", disse. A
Atlânticoline está assim a cumprir os serviços mínimos fixados pelo
Tribunal Arbitral com a realização, na linha azul, de duas viagens
diárias Horta/Madalena/Horta às 7h30 e 17h15 e uma
terceira ligação às 20:15 nos dias em que existe esta ligação. Na
linha verde, que assegura a ligação entre Horta, Madalena e Velas, será
feita apenas uma viagem diárias com partida da cidade da Horta às 18h45. Contactado
pela a Agência Lusa, o SIMAMEVIP recusou para já prestar quaisquer
esclarecimentos referindo que os sindicalistas estão reunidos e a
trabalhar numa contraproposta que será apresentada à Atlânticoline. Os
trabalhadores reclamam aumentos salariais sendo que o dirigente
sindical Clarimundo Batista, em declarações à agência Lusa, lembrava que
os marinheiros que "auferem somente 690.10 euros mensais" estão "há dez
anos sem qualquer aumento" salarial. O
pré-aviso lançado pelo sindicato inclui, cirurgicamente, as Festas do
Espírito Santo (20 a 23 de maio), a Semana Cultural das Velas (05 a 08
de julho), as Festas da Madalena (20 a 22 de julho), o Cais Agosto (27 a
29 de julho), as Festas do Senhor Bom Jesus Milagroso (06 de agosto) e a
Semana do Mar (10 a 12 de agosto), num total de 18 dias de greve.