Greve da função pública nos Açores encerra "maioria das escolas"
14 de out. de 2022, 13:50
— Lusa/AO Online
“De
um modo geral, no arquipélago, a maioria das escolas estão fechadas e
algumas só não encerraram porque ainda têm muitos [trabalhadores em]
programas ocupacionais e recibos verdes, que ilegalmente mantêm as
escolas a funcionar”, afirmou, em declarações à Lusa, o coordenador do
STFPSSRA, João Decq Mota.Na área da educação, o dirigente sindical disse mesmo que esta “é uma das maiores greves de sempre”.Também nos hospitais há serviços de encerrados e cirurgias canceladas, revelou João Decq Mota.“No
cômputo geral, na área da saúde, nos centros de saúde foi muito forte e
não há nenhum hospital até ao momento que se situe abaixo dos 60% [de
adesão]”, afirmou.“Por exemplo, cirurgias
que estavam programadas para o Hospital da Horta não se estão a
realizar, porque como não há assistentes operacionais no bloco”,
acrescentou.O sindicalista salientou ainda
a adesão à greve nos matadouros públicos da região, nomeadamente no da
ilha de São Miguel, onde “num universo de 170 ou 180 trabalhadores, só
foram trabalhar três”.“É uma greve muito
grande nos principais matadouros da região, com o matadouro da Terceira
fechado e sem distribuição, o matadouro de São Miguel encerrado e com o
problema de ter havido algumas entregas que não deviam ter existido, o
matadouro do Pico com 60% de adesão e o matadouro do Faial sem abate”,
avançou.Segundo João Decq Mota, esta
adesão “é uma resposta inequívoca dos trabalhadores da rede de abate
pública regional” à proposta da Iniciativa Liberal de criação uma
sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, que visa
substituir o Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA) e o
Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA).“É um sinal muito claro de que os trabalhadores não estão a favor da junção do IROA com o IAMA”, sublinhou.O
sindicalista criticou a “contrainformação” registada em alguns locais
de trabalho, onde disse ter sido “posto a correr que esta greve tinha
sido desconvocada”, mas disse que a adesão é, “de um modo geral,
satisfatória”.“Esta adesão demonstra efetivamente o descontentamento dos trabalhadores da administração pública regional”, apontou.A greve convocada pelo STFPSSRA em agosto visa contestar a “postura arrogante e discriminatória” do Governo Regional.Os
trabalhadores reivindicam “a valorização e o reforço de todos os
serviços públicos da administração pública regional”, “o aumento da
remuneração complementar para 100 euros”, a “reposição das carreiras
profissionais na administração pública” e o “respeito pelos acordos
celebrados”.Pedem ainda a “correção da
Tabela Remuneratória Única”, a “revogação do sistema integrado de gestão
e avaliação do desempenho na administração pública regional dos Açores
(SIADAPRA)” e a integração de “todos os trabalhadores dos programas
ocupacionais que exercem funções permanentes nos serviços públicos
regionais”.