Greve às horas extra na Aerogare Civil das Lajes com adesão a 100% mas pouco impacto
6 de dez. de 2019, 07:03
— Lusa/AO Online
“Temos uma adesão a 100% ao nível do serviço
extraordinário”, adiantou à Lusa Amílcar Martins, delegado do Sindicato
dos Trabalhadores da Administração Pública e Entidades com Fins Públicos
(Sintap).A greve, iniciada na
quarta-feira e que se estende até 31 de dezembro, engloba apenas as
horas extraordinárias, ou seja, o período entre as 21h00 e as 07h00, por
isso, o impacto ainda não foi “significativo”. “Tem
havido alguns atrasos na saída dos voos, mas não muito significativos,
porque só temos um voo de manhã”, revelou o delegado sindical. Segundo
Amílcar Martins, as companhias aéreas já estão a par da paralisação,
por isso evitam operar neste horário, mas as condições meteorológicas
adversas, habituais nesta altura do ano, poderão obrigar a alterações. Os
cinco técnicos de operações aeroportuárias no quadro da Aerogare Civil
das Lajes, na ilha Terceira, reivindicam uma revisão da carreira e o
reforço do efetivo. “Estamos neste
momento cinco elementos no quadro, quando deviam estar nove, e já
tivemos aqui situações de atestados médicos colocados, com pessoas que
tiveram doenças mais prolongadas, em que o serviço ficou apenas
assegurado por parte de três pessoas”, adiantou o delegado do Sintap,
aquando do anúncio da greve.Ao contrário
do que acontece nos aeroportos de Ponta Delgada (São Miguel), Santa
Maria, Horta (Faial) e Flores, nos Açores, geridos pela ANA - Aeroportos
de Portugal, a Aerogare Civil das Lajes, na ilha Terceira, tem gestão
pública.Segundo Amílcar Martins, há quatro
anos que o sindicato alerta para a falta de pessoal, sem que algo tenha
sido feito por parte da administração ou do Governo Regional dos
Açores.A carreira dos técnicos de
operações aeroportuárias foi classificada como subsistente, o que
“impossibilita o recrutamento de mais pessoas”, mas com a certificação
do aeroporto para uso permanente pela aviação civil, em julho de 2018, o
trabalho aumentou e os funcionários, que têm todos mais de 50 anos,
sentem “algum desgaste”. “Nós vamos
envelhecendo, as tarefas aumentaram, temos aqui um problema. É
necessário, de facto, mais pessoas, mas como a carreira está
classificada como subsistente não é possível fazer o recrutamento
enquanto não criarem uma nova carreira”, salientou o delegado sindical. A
greve às horas extraordinárias é também uma manifestação contra a
proposta de revisão da carreira apresentada pelo Governo Regional, que
segundo o Sintap prevê uma regressão nas condições laborais. “Com
esta última proposta, em relação à região e ao continente, nós
continuamos a ser os profissionais mais mal pagos”, frisou Amílcar
Martins, acrescentando que a nova carreira prevê ainda baixar alguns
níveis remuneratórios e aumentar a distância entre progressões.O
sindicalista acrescenta que, apesar das tentativas do Sintap, a via da
negociação coletiva foi “sempre negada por ausência de respostas ou por
respostas muito vagas”. “A última
comunicação que tivemos foi a tal proposta que nos foi praticamente
imposta. Nós tentámos contrapor com os nossos contributos e as nossas
opiniões, mas não houve qualquer resposta em relação àquilo que enviámos
para a tutela. Sentimos que efetivamente não há uma negociação neste
assunto, há uma imposição”, apontou.Além
de se sentirem “desvalorizados e discriminados” em relação aos colegas
dos aeroportos geridos nos Açores pela ANA, os técnicos de operações
aeroportuárias da Aerogare Civil das Lajes dizem que houve “mais empenho
e maior sensibilidade” da administração para a criação de outras
carreiras na infraestrutura.