Greenpeace denuncia mineração ilegal em áreas de conservação na Amazónia brasileira
6 de set. de 2024, 16:24
— Lusa/AO Online
A
ONG identificou que as atividades de mineração ilegal em 15 unidades de
conservação localizadas nos estados amazónicos do Amapá, Amazonas e
Pará devastaram 13.484 hectares.Os dados
correspondem a um estudo realizado pela organização entre janeiro de
2023 e julho de 2024, através da análise de imagens de satélite de
Unidades de Conservação da Amazónia (ACAs).O
estudo não incluiu as Áreas de Preservação Permanente, onde não é
permitida nenhuma atividade económica nestes santuários ecológicos.De
acordo com o estudo, a Floresta Nacional de Amanã, localizada na divisa
entre os estados do Amazonas e do Pará, é a unidade de conservação mais
afetada entre as 15 onde foram identificados os estragos da atividade
ilegal, com um total de 6.812 hectares destruídos.Além
da vegetação devastada, a Greenpeace destaca que o rio do mesmo nome e
que atravessa essa Unidade de Conservação registou 56 dos seus 156
quilómetros afetados pela extração ilegal de madeira.“O
enfraquecimento da fiscalização e a flexibilização das leis ambientais,
ocorridos durante o governo de (Jair) Bolsonaro (2019-2022), bem como o
aumento do preço do ouro no mercado externo, fizeram com que os números
relacionados a essa atividade crescessem exponencialmente, agravando um
cenário que já era muito complexo no bioma”, explica o porta-voz da
Frente dos Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.De
acordo com o especialista, o estudo revelou que, nos últimos anos, a
atividade mineradora deslocou-se do leste para o sudoeste da Amazónia
brasileira, saindo do Pará e entrando no Amazonas.A ONG afirma que os impactos dessa migração já são visíveis nos rios Tapajós, Jamanxim, Anamã e Parauari.A
organização ressalta que a atividade observada nas Unidades de
Conservação da Amazónia (UCA) somam-se à devastação também registada
pela mineração ilegal em algumas Terras Indígenas do bioma, áreas onde
qualquer tipo de atividade mineradora é proibida por lei.As mais afetadas são as terras indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami, que perderam 417 hectares entre janeiro e junho de 2024.