Graça Melo assume presidência em Vila Franca do Campo após renúncia de Ricardo Rodrigues
26 de jun. de 2025, 16:47
— Lusa
Graça Melo assumiu a
presidência deste município da ilha de São Miguel no dia 12 de junho,
quando se realizou uma Assembleia Municipal ordinária.Na
reunião do executivo do dia 18 de junho, que está disponível ‘online’, a
nova autarca socialista de Vila Franca do Campo informou que designou
para vice-presidente o vereador Carlos Pimentel, funções que já
desempenhava anteriormente.O executivo municipal é composto por quatro elementos eleitos pelo PS e três pelo PSD.Na mesma reunião foi conhecida a distribuição de pelouros pelos quatro eleitos socialistas que exercem funções a tempo inteiro.A
nova presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, Graça
Melo, ficou responsável pelos pelouros da economia, finanças, educação,
urbanismo, cultura, turismo, proteção civil, setor empresarial local,
área administrativa e administração dos serviços municipais e gabinete
técnico municipal.O vice-presidente,
Carlos Pimentel, detém os pelouros das obras, ambiente, manutenção de
espaços e edifícios públicos, rede de distribuição de água e esgotos,
trânsito e rede viária, coordenação do parque de máquinas e equipamentos
e relação com as juntas de freguesia.Já a
vereadora Conceição Quental assume a coordenação dos programas de
desenvolvimento social, fundo social de emergência, igualdade de género,
relações da câmara com as Instituições Particulares de Solidariedade
Social e proteção de menores, enquanto o vereador Eduardo Costa ficou
responsável pelos pelouros da habitação social, desporto e juventude.O
ex-autarca socialista Ricardo Rodrigues, que cumpria o último mandato à
frente da câmara, estava acusado dos crimes de prevaricação e abuso de
poder.Em causa está a concessão do espaço
de restauração da Rotunda dos Frades a Luís Rodrigues, seu irmão, um
caso que remonta a 2018, quando a Procuradoria-Geral da República abriu
um inquérito àquele ato.O Tribunal de Vila Franca do Campo considerou que Ricardo Rodrigues praticou os atos "com dolo" em "benefício do familiar".Além
do ex-presidente Ricardo Rodrigues, o tribunal condenou também o
vereador Carlos Pimentel a uma pena suspensa de dois anos e oito meses
de prisão, pelo crime de prevaricação, e também a perda de mandato.Quanto
a Luís Rodrigues, irmão do ex-presidente da autarquia, foi condenado a
uma pena suspensa de três anos e quatro meses de prisão também pelo
crime de prevaricação.Carlos Pimentel
disse hoje à agência Lusa que não renunciou ao cargo por ter recorrido
da sentença: “Poderei ponderar sobre a situação, mas ainda não
ponderei”.Questionado sobre se reúne
condições para continuar a desempenhar as funções autárquicas, respondeu
que não se sente desconfortável porque a condenação, no seu entender,
“não poderia acontecer”.“Tenho a
consciência tranquila, porque não causei danos ao município nem a
ninguém, nem favoreci ninguém. (…) Sinto-me totalmente tranquilo”,
afirmou.O vice-presidente da autarquia
espera que o recurso lhe seja favorável, garantindo que até ao fim do
mandato dará o seu “melhor” no exercício de funções, prometendo estar
“ao serviço da comunidade e do povo”.Ricardo
Rodrigues esteve a ser julgado após o Tribunal da Relação de Lisboa ter
revertido a deliberação do juiz de instrução criminal de Ponta Delgada,
que tinha decidido, em 09 de outubro de 2023, não pronunciar o
socialista por aqueles crimes, dando assim provimento ao recurso
apresentado pelo Ministério Público.Na
sessão da Assembleia Municipal de Vila Franca do Campo realizada no dia
10 de abril e transmitida 'online', o então presidente Ricardo Rodrigues
disse que iria renunciar ao cargo, após ter sido condenado a pena
suspensa de três anos e quatro meses de prisão por prevaricação e à
perda de mandato."Na última reunião de
câmara, que ocorreu quarta-feira, informei os senhores vereadores que
seria a última reunião em que estava como presidente da câmara. Hoje,
por maioria de razão, aqui venho dizer, também, que é a última
Assembleia Municipal em que estou presente como presidente da câmara",
disse o socialista.Na ocasião referiu que
já tinha anunciado publicamente que iria abandonar a presidência antes
do termo do mandato, mas a decisão judicial conhecida no dia 04 de abril
também influenciou a decisão."E, sem
prejuízo do recurso que irei interpor, - e até ao fim ser sempre
presumido inocente -, considero que é adequado da minha parte, não por
razões jurídicas e de impossibilidade do exercício da função, mas sim
por vontade própria, dizer que vou sair e renunciarei, a seu tampo, ao
mandato", afirmou Ricardo Rodrigues.