GPIAAF sugere à ANA que reavalie métodos de deteção de aves em Ponta Delgada
3 de abr. de 2025, 17:42
— Lusa/AO Online
A sugestão consta do
boletim trimestral divulgado pelo Gabinete de Prevenção e
Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários
(GPIAAF), a que a agência Lusa teve acesso, na parte em que analisa o
incidente, ocorrido às 14h48 de 2 de janeiro, quando a aeronave colidiu
com “várias gaivotas” (‘bird strike’) durante a descolagem do Aeroporto
João Paulo II, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, com destino a Lisboa.A
tripulação declarou emergência e solicitou “aterragem imediata”,
reportando problemas de vibração nos dois motores, e aterrou em
segurança em Ponta Delgada às 15h00, 12 minutos depois do ‘bird strike’.“Após
análise das medidas de contenção e dissuasão em vigor no aeródromo,
embora estas sigam um conjunto de práticas recomendadas, as mesmas
aparentam estar dependentes de um sistema totalmente manual para
identificação da presença de aves no aeródromo para que sejam iniciados
ou efetivados os procedimentos de mitigação de dispersão disponíveis”,
aponta o GPIAAF.Este organismo adverte
ainda que, quanto aos procedimentos de gestão do tráfego aéreo pela NAV
Portugal relativamente à identificação de presença de aves na pista,
“foi possível constatar que existem áreas não visíveis da posição do
controlador de tráfego aéreo pela presença de um edifício (hangar)
localizado entre a torre e a pista”.O
gabinete concluiu que os meios visuais adicionais ao dispor dos
controladores aéreos (sistema de CCTV - Circuito Fechado de Televisão)
“não garantem uma visualização efetiva da extensão de toda a pista”.Tendo
em conta esta limitação e outros fatores que influenciam a operação
aérea em Ponta Delgada, o GPIAAF sugeriu à ANA, gestora aeroportuária,
que reveja e reavalie os métodos de deteção de aves.“Atendendo
à localização, ao número de movimentos de aeronaves, às condições
meteorológicas, e considerando ainda o ponto de observação do prestador
de serviços de navegação aérea para validar a condição da pista antes da
autorização de aterragem/descolagem, foi sugerido ao operador
aeroportuário uma reavaliação dos métodos de deteção de aves como
percursor e base de todos os procedimentos de mitigação em vigor”, lê-se
no boletim trimestral.O GPIAAF lembra que
as soluções tecnológicas disponíveis no mercado para dispersão de aves
“vão emergindo ao longo dos anos e cabe aos diferentes intervenientes a
necessária adaptação e evolução no processo de mitigação dos riscos”,
sugerindo várias soluções.“Desta forma,
cabe aos gestores aeroportuários a definição de medidas mitigadoras,
sendo o respetivo seguimento, avaliação de eficácia e aprovação de ações
de contenção adicionais da responsabilidade da autoridade de
certificação das infraestruturas, a ANAC [Autoridade Nacional de Aviação
Civil]” frisa.O GPIAAF não considera
haver necessidade de abrir um processo de formal investigação ao evento,
limitando-se a uma avaliação com a emissão de propostas de prevenção.