Governos, setor e especialistas destacam importância da agricultura na alimentação
COP29
15 de nov. de 2024, 12:20
— Lusa/AO Online
O
diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a
Agricultura (IICA), Manuel Otero, afirmou, durante um fórum no pavilhão
da Casa da Agricultura das Américas, instalado em Baku, no Azerbaijão,
no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP29), que uma grande cidade com uma média de 10 milhões de habitantes
necessita diariamente de 6.000 toneladas de alimentos.Daí
o caráter estratégico que a agricultura sustentável, produtiva,
eficiente e inclusiva representa para a preservação da paz social,
sublinhou."Temos de produzir mais
alimentos com menos natureza, reconhecendo os novos desafios que a
agricultura enfrenta, e [tendo consciência de que], para os ultrapassar,
é fundamental aproveitar a ciência, a tecnologia e a inovação, e
facilitar o seu acesso aos agricultores familiares", referiu Otero.Segundo
o diretor-geral do IICA, os próximos 25 anos serão dos mais decisivos
da história da agricultura porque o setor terá de alimentar mais 2.000
milhões de pessoas.Por sua vez, o ministro
da Agricultura e Segurança Alimentar do Belize, José Abelardo Mai,
defendeu "a importância de educar agora os jovens sobre o futuro e
formular políticas fortes para apoiar uma agricultura inteligente e
sustentável" do ponto de vista climático.O
cientista especialista em solos e vencedor do Prémio Mundial da
Alimentação, Rattan Lal, enumerou como maiores desafios globais a
degradação do solo e a necessidade de o restaurar, assim como o
"respeito pela profissão agrícola e pelos seus serviços nos
ecossistemas".Outro aspeto analisado na
Casa da Agricultura das Américas foi o dos biocombustíveis renováveis e o
seu contributo para a mitigação das alterações climáticas.O
presidente da organização Solutions from the Land, Ernie Shea,
salientou que, além da redução dos gases com efeito de estufa, um dos
focos recentes dos benefícios dos biocombustíveis renováveis é a saúde
pública."Os combustíveis renováveis também
contribuem decisivamente para a redução da poluição e as oportunidades
para a produção agrícola são múltiplas", disse Shea.Durante
as discussões, foi proposto que a utilização do etanol fosse
considerada pelos países como parte dos seus compromissos de redução das
emissões de gases com efeito de estufa, no âmbito do Acordo de Paris.A
COP29 começou na segunda-feira em Baku e vai decorrer até dia 22,
devendo ficar marcada por um novo objetivo de financiamento para os
países em desenvolvimento para os ajudar a reduzir as emissões de gases
com efeito de estufa e a adaptarem-se às alterações climáticas.O
novo objetivo substituirá, a partir de 2025, o que obrigava os países
ricos a conceder 100 mil milhões de dólares (cerca de 950 milhões de
euros) de financiamento por ano aos países em desenvolvimento.Os
países em desenvolvimento pedem que o objetivo seja multiplicado por
mais de dez, para 1.300 mil milhões (1,2 mil milhões de euros), valor
essencialmente da responsabilidade dos países ricos.