Governo vai criar uma agência de emprego para pessoas com deficiência
3 de dez. de 2020, 12:13
— Lusa/AO Online
Em entrevista
publicada ao jornal Público, no Dia Internacional da Pessoa com
Deficiência, a secretária de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes,
adiantou que o emprego é uma prioridade para o próximo ano, destacando
que o desemprego de pessoas com deficiência cresceu durante a pandemia
de covid-19 estando próximo dos 13 mil inscritos.“A
nossa prioridade vai para o investimento num programa de apoio à
empregabilidade, criando investimentos adicionais não apenas das medidas
de apoio ao emprego do Instituto de Emprego e Formação Profissional
[IEFP], mas também incentivos às empresas para contratarem pessoas com
deficiência”, disse.Ana Sofia Antunes
refere que gostava de “repensar algumas medidas que existem para
reforçar apoios, nomeadamente o contrato de emprego apoiado em mercado
aberto e criar majorações mais dignas desse nome ao nível de outras
medidas que já existem”.“Por exemplo, se
dou um apoio a alguém que contrata uma pessoa sem deficiência, devo dar
esse apoio acrescido de uma percentagem considerável se contrata uma
pessoa com deficiência. Também temos de apoiar as pessoas que andam à
procura de emprego. E aqui, sim, há uma resposta nova que está na hora
de criar e que vamos tentar pôr no terreno, numa primeira fase com a
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”, disse.Questionada
sobre se se trata de uma agência de emprego para pessoas com
deficiência, a secretária de Estado sublinha que está pensada dessa
forma, mas passa por uma parceria estreita entre a Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, o Instituto Nacional para a Reabilitação e o
IEFP. “É um trabalho a três para que
possamos fazer isto acontecer: o encontro entre pessoas que andem à
procura de emprego e empresas que tenham vagas abertas ou estejam
dispostas a abri-las para estas pessoas”, disse.Ana Sofia Antunes explicou que a primeira equipa vai estar em Lisboa, mas o projeto deverá crescer a nível nacional.“Numa
primeira fase, provavelmente vamos estar a responder mais a Lisboa, mas
vamos receber candidaturas de todo o país, e vamos fazer avaliações em
todo o país”, disse, acrescentando que o projeto arranca no primeiro
trimestre de 2021.“Não consigo precisar
ainda uma data. Há protocolos a serem finalizados. Às vezes, é preciso
sinalizar, trabalhar as pessoas porque já desistiram de procurar, as
famílias que não acreditam. É preciso fazer o encontro com a empresa
adequada para receber essa pessoa e fazer o acompanhamento. As empresas
sentem alguma insegurança. Terem alguém que podem contactar no caso de
haver dúvidas ou problemas é importante”, realçou.Questionada
sobre se existe algum preconceito, Ana Sofia Antunes considera que “há
uma natural resistência para aceitar o que é diferente”.“Não
vou dizer que haja uma tendência para tratar pior as pessoas com
deficiência, mas acho que quem nunca trabalhou com uma pessoa com
deficiência resiste. Nunca fez, não sabe como pode ser, acha que pode
ser muito difícil. É preciso desconstruir”, disse.Na
entrevista ao Público, Ana Sofia Antunes recordou também que a
Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com Deficiência
2021-2025 está em discussão pública até à véspera de Natal e que até lá
está a receber contributos para melhorar esta estratégia.O
documento, segundo o Público, abarca oito eixos, incluindo a igualdade e
a não discriminação, a educação, o emprego e o lazer, o ambiente
inclusivo, os apoios sociais e a promoção da vida independente.“Não
o fiz mais cedo, reconheço, por incapacidade. Tínhamos vivido um
período de grande austeridade. Era precioso passar à ação de imediato.
Daí avançarmos com a reformação das prestações sociais, a prestação
social para a inclusão, o Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI).
Tivemos este trabalho mais ou menos orientado no final do mandato
passado, não nos pareceu ser o momento adequado para lançar uma nova
estratégia”, disse.A secretária de Estado
referiu que estão a decorrer projetos-piloto há cerca de um ano,
destacando que o MAVI abrange 870 beneficiários (números de outubro).“Os
projetos-piloto terão três anos. Há entidades que estão a desenvolver
este piloto, têm pessoas em fila de espera e gostavam de alargar.
Portanto, estamos a trabalhar para, através da publicação de uma
portaria, podermos alargar em mais 25% os beneficiários. Queremos que
pessoas com todos os tipos de deficiência possam aceder ao MAVI, porque é
diferente ter assistência pessoal quando se tem uma deficiência motora
ou uma deficiência visual ou uma deficiência cognitiva”, disse.