Governo tem de acabar com existência de “vários SNS” no país
9 de ago. de 2024, 12:40
— Lusa/AO Online
“O
Governo tem de resolver um problema que é a existência dos vários SNS.
Não podemos ter no Norte tudo impecável, tudo a funcionar bem, e depois
termos esta situação que eu considero praticamente trágica a sul de
Coimbra, em que há grávidas a fazerem centenas de quilómetros por dia”,
disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, numa
alusão às urgências de Obstetrícia e Ginecologia encerradas.Segundo
as Escalas de Urgência publicadas no Portal do SNS, às 12h30 de hoje
estava previsto o fecho no sábado de sete urgências de Ginecologia e
Obstetrícia, e de oito no domingo, a maioria na região de Lisboa e Vale
do Tejo, e três de Pediatria.Para o líder
sindical, estes problemas de desigualdade de acesso ao Serviço Nacional
de Saúde, que têm várias razões, têm de ser resolvidos.Como
razões para esta situação, apontou a “competitividade do setor privado”
como uma das principais, uma vez que os principais grupos operam em
Lisboa e Vale do Tejo.“Esta dinâmica
aliada à falta de médicos que estão nos serviços leva a que cada vez
sejam melhores as condições de trabalho nos privados, com melhores
condições remuneratórias, e no Serviço Nacional de saúde à medida que
vão saindo colegas, obviamente, os serviços vão ficando desfalcados e
vai havendo também menores condições de trabalho”, argumentou.Relativamente à falta de médicos no SNS, Nuno Rodrigues afirmou que também se deve à reforma de muitos profissionais.“É
uma tendência de longo prazo que se está a concretizar, ou seja, há uma
grande percentagem de médicos que têm mais de 60 anos e muitos até já
têm mais de 65 anos, e é natural que, ano após ano, vão havendo mais
reformas”, explicou.Nuno Rodrigues disse
ser “natural que a situação se agrave nos próximos anos” e que a solução
para o problema passa por captar os recém-especialistas e os
especialistas jovens que estão fora do Serviço Nacional de Saúde.Para
isso, defendeu ser preciso apresentar um plano de médio prazo, de pelo
menos cinco anos, com condições fixas que garantam “alguma estabilidade”
a nível de condições de trabalho e salariais aos jovens médicos. “Nenhum
médico quer ficar a fazer urgência com equipas extremamente reduzidas
abaixo dos mínimos em que, obviamente, o risco de erro médico é
extremamente superior”, disse, adiantando que os profissionais “estão a
fugir destas condições de trabalho em que têm de fazer centenas de horas
extra” em “condições inapropriadas”.
Adiantou que o SIM está a discutir agora com o Governo aumentos
salariais e de progressão na carreira, mas defendeu serem necessárias
também medidas de curto, médio ou longo prazo para os médicos ficar no
SNS e muitos até regressar, “mas com condições estáveis para os próximos
anos”.