Governo talibã pede levantamento de sanções norte-americanas
Afeganistão
17 de nov. de 2021, 15:18
— Lusa/AO Online
"Solicito
ao Governo dos Estados Unidos que tome medidas responsáveis sobre a
crise humanitária e económica que está a crescer no Afeganistão", refere
o ministro dos Negócios Estrangeiros talibã, Amir Khan Muttaqi,
numa carta aberta dirigida à Administração norte-americana. Também
com o objetivo de que se "abram as portas para relações futuras",
Muttaqi pede que "se descongelem os ativos do Banco Central do
Afeganistão e que se levantem as sanções" aos bancos do país. No
texto, Muttaqi sublinha as "contradições" de Washington que por um
lado, afirma, assinou em fevereiro de 2020 um acordo com os talibãs
sobre a retirada das tropas dos Estados Unidos, mas que, por outro lado,
impôs sanções depois do movimento extremista ter tomado a cidade de
Cabul, no passado dia 15 de agosto. "É
surpreendente que com o anúncio do novo Governo (o autoproclamado
Emirado Islâmico) os Estados Unidos tenham imposto sanções aos ativos do
nosso Banco Central. Isto vai contra as nossas expectativas e contra o
acordo de Doha", acrescenta o ministro talibã. Para
Muttaqui, a situação relativa à "segurança financeira" prejudica o
futuro das "relações bilaterais" e afeta a "assistência humanitária" num
país "atingido por duas décadas de guerra, pandemia (Covid-19)
e pobreza".O ministro do autoproclamado
Emirado Islâmico cita os relatórios das Nações Unidas e de outras
organizações humanitárias que concluíram que "se estas condições
persistirem os afegãos vão ter de enfrentar uma situação muito grave
durante o inverno"."O sofrimento de uma
criança por causa da fome, a morte de uma mãe por falta de serviços de
saúde (...) não têm justificações políticas e são prejudiciais para o
Governo e o povo dos Estados Unidos, porque se trata de uma questão
puramente humanitária", conclui.