Governo sempre defendeu reforço de Açores e Madeira na gestão do mar
5 de ago. de 2020, 10:58
— Lusa/AO Online
"O
Governo da República considerou sempre que o papel das regiões
autónomas precisava de ser reforçado" nesta área, declarou o ministro,
falando em Ponta Delgada após uma reunião com o presidente do Governo
dos Açores, Vasco Cordeiro.O atual
momento, em que a nova lei aguarda promulgação da parte do Presidente da
República, não é contudo de "interferir" com o "progresso natural" do
documento, prosseguiu Ricardo Serrão Santos, reconhecendo ter, no
entanto, "opiniões próprias sobre a matéria".A
nova lei da gestão do espaço marítimo emanou de uma proposta da
Assembleia Legislativa dos Açores e foi aprovada recentemente com os
votos favoráveis da maioria da bancada do Partido Socialista, do PAN e
da Iniciativa Liberal, e com as abstenções das restantes bancadas. Apesar
da orientação do PS a favor deste diploma, 12 deputados socialistas
votaram contra, alegando que o texto final do diploma colide com o
princípio da soberania nacional, estando ferido de
inconstitucionalidade, pedindo ao Presidente da República para vetar o
diploma. Os deputados subscreveram uma
declaração de voto, encabeçada pela deputada Ana Paula Vitorino, antiga
ministra do Mar, que refere que a proposta "enferma de vícios de
natureza política e jurídica", em primeiro lugar ao criar "uma fratura
na soberania nacional", estabelecendo "um conceito específico de
território autónomo que transforma o mar português, em matéria de
ordenamento e gestão, num somatório de três espaços marítimos, o dos
Açores, o da Madeira e o do continente".O
presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, apelou já a
Marcelo Rebelo de Sousa para não matar "à nascença a possibilidade de os
açorianos terem uma palavra a dizer na gestão" do mar, assinalando que a
nova lei significa "a não exclusão de ninguém, mas sobretudo a inclusão
dos Açores" nas matérias de gestão marítima.