Governo respeita opinião de Montenegro mas diz que foco está na descentralização
6 de jul. de 2022, 14:37
— Lusa/AO Online
“Ouvi as
declarações do novo presidente do PSD com o maior dos respeitos,
respeitando obviamente a sua opinião, mas também quero transmitir que o
principal foco do Governo neste momento é a descentralização”, disse Ana
Abrunhosa.A ministra, que falava à margem
da 57ª edição da Capital do Móvel, evento organizado pela Associação
Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) e que decorre em Lisboa,
comentava assim a posição de Luís Montenegro que, na terça-feira,
alargou a sua objeção a um referendo à regionalização.Na
terça-feira, no final de uma audiência com o Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, o novo líder do PSD foi questionado sobre
algumas críticas que surgiram dentro do seu partido quando rejeitou no
congresso um referendo à regionalização no próximo ano, como pretende o
Governo.“Não tenho conhecimento de ninguém
que discorde da posição da direção e da minha relativamente à
inviabilidade de termos um processo referendário em 2024, mas sei que há
muito no PSD quem tenha opiniões divergentes quanto à matéria de fundo,
mas não estamos a promover esta discussão”, afirmou, dizendo que o
partido quer focar-se noutras matérias que considera prioritárias para
os portugueses como a saúde ou a educação.Sobre
a matéria de fundo, Montenegro considerou que não faz sentido avançar
para “uma discussão estéril sobre o nada”, não havendo perspetivas de
referendo, e alargou a sua objeção a esta consulta popular até final da
legislatura.“Sou absolutamente contra a
realização de um referendo em 2024, para que não haja equívocos. E,
naturalmente, que não havendo um referendo em 2024 – que já teria de se
conciliar com eleições europeias e regionais nos Açores – não é em 2025
com eleições autárquicas ou em 2026 com presidenciais e legislativas que
a oportunidade se vai abrir”, defendeu.Hoje,
a ministra da Coesão Territorial sublinhou que o Governo está “muito
empenhado em trabalhar de forma muito próxima com a Associação Nacional
dos Municípios Portugueses e em fazer o diálogo com os presidentes de
câmara”.“Já disse várias vezes que, se não
fizermos bem a descentralização, não vale a pena pensar na
regionalização. Neste momento, é extemporâneo estar a falar de
regionalização enquanto não dermos provas de que fizemos bem a
descentralização”, frisou.A responsável
assumiu-se como “uma regionalista”, lembrando que o Governo tem no seu
programa o objetivo da regionalização e que “a maior parte dos autarcas
são a favor”, mas frisou que têm de se “dar passos consolidados”.“É
com grande respeito que ouvimos a opinião do Dr. Montenegro líder da
oposição, mas o foco agora é mesmo a descentralização”, reiterou.