Governo rejeita violação da lei das incompatibilidades e repudia comportamento do Chega
21 de out. de 2022, 10:36
— Lusa/AO Online
“O
Governo repudia o comportamento do Chega que lança o manto de suspeição
habitual, diário, sobre as instituições democráticas para gerar
‘soundbytes’”, criticou Ana Catarina Mendes, na abertura da interpelação
parlamentar marcada pelo Chega sobre as situações de alegadas
incompatibilidades e conflitos de interesse que envolvem vários membros
do Governo.A ministra começou por afirmar
que “não há, nos casos que nos trazem aqui hoje, nenhuma violação da
lei” e defendeu que os políticos estão “sujeitos a uma apertada malha de
registos de impedimentos e conflitos de interesses” à luz da legislação
atual.“É assim que se constrói a democracia” e "mais transparência”, sublinhou.Ana
Catarina Mendes referiu que, quando surgiram dúvidas sobre a lei que
regula estes impedimentos, o Governo suscitou um parecer ao Conselho
Consultivo da Procuradoria-Geral da República, que considerou “manter
toda a atualidade”, apesar de ter sido emitido antes da vigência da
legislação atual, de 2019, e ser relativo ao diploma de 1993.“A
lei em vigor mantém as soluções jurídicas à luz das quais o parecer foi
emitido. O Governo cumpre a lei, e cumpre-a com conforto, respaldado
nos pareceres da PGR”, disse.Ana Catarina
Mendes considerou que o Governo pouco teria a esclarecer aos deputados
nesta matéria e centrou parte da sua intervenção em críticas ao partido
liderado por André Ventura.“A sua batalha
não é pela transparência nem pela democracia, é um combate pela
desinformação, pelo ruído e que procura corroer as instituições
democráticas. O que os senhores deputados do Chega pretendem fazer com
esta interpelação é lançar um anátema sobre todas as instituições
democráticas”, apontou, dizendo que o que este partido deseja “é um novo
regime”.A ministra defendeu que o debate
sobre a lei das incompatibilidades – que recordou ter sido aprovada “por
uma esmagadora maioria” em 2019, apenas com voto contra do CDS-PP – só
existe porque todas as declarações de rendimento, património,
interesses, incompatibilidades, impedimentos e registo de interesses dos
políticos “são entregues ao Tribunal Constitucional e estão publicadas
na Internet e disponíveis para todos”. “Ao
contrário do que os senhores deputados do Chega querem fazer aqui
passar, as instituições funcionam mesmo. Cá estaremos todos, assim
queiramos, para as melhorar, mas alimentar este clima de suspeição sobre
tudo e sobre todos é colocar areia na engrenagem das instituições
democráticas”, disse.Ana Catarina Mendes
apelou a que o debate parlamentar de hoje sirva para “enaltecer os
princípios do Estado de Direito democrático”, assegurando que o Governo
não vai abdicar de princípios como os da “separação de poderes,
legalidade democrática e transparência”.A
ministra disse confiar no parlamento “como guardião da democracia e das
suas instituições”, considerando que não existe democracia “sem um
parlamento forte, fiscalizador e democrático”.“Não há democracia sem políticos”, salientou.