Governo Regional formaliza criação da Casa dos Açores do Havai
Hoje 16:32
— Lusa/AO Online
O
reconhecimento oficial da Casa dos Açores do Havai foi concretizado com a
assinatura de um protocolo de cooperação, em 19 de dezembro, em Hilo,
na ilha da Big Island, tornando-se a vigésima Casa dos Açores no mundo e
a terceira nos Estados Unidos da América, depois da Califórnia (1977) e
da Nova Inglaterra (1985).O protocolo foi
assinado pelo secretário regional da Agricultura e Alimentação, António
Ventura, em representação do presidente do Governo dos Açores, José
Manuel Bolieiro, tendo contado com a presença do diretor regional das
Comunidades, José Andrade.Segundo o
secretário regional com a tutela das Comunidades, Paulo Estêvão, "este
ato ultrapassa a dimensão administrativa: traduz uma visão de futuro
ancorada na identidade, na memória e na capacidade dos Açores se
projetarem como um arquipélago com expressão global".O
governante, citado em nota de imprensa do executivo regional
(PSD/CDS-PP/PPM), sublinhou os laços históricos, geográficos e
culturais, destacando que, para muitos havaianos de origem açoriana, “os
Açores são o Havai do Atlântico”, numa referência às semelhanças entre
dois arquipélagos de génese vulcânica, fortemente marcados pela relação
com o oceano, pela "resiliência" A Casa
dos Açores do Havai nasce da iniciativa de um grupo de açordescendentes
das ilhas de Hawai’i, Maui, O’ahu e Kaua’i, presidido pela professora
universitária Marlene Andrade Hapai, e resulta das "diligências
desenvolvidas pela Secretaria Regional dos Assuntos Parlamentares e
Comunidades ao longo do último ano".Atualmente,
o arquipélago do Havai, situado a cerca de 12.000 quilómetros dos
Açores, acolhe milhares de açordescendentes, muitos deles com
ascendência também madeirense, que mantêm uma ligação afetiva às ilhas
de origem.Para o Governo Regional, "esta
persistência cultural demonstra a capacidade da diáspora açoriana de se
integrar sem perder a sua identidade".Segundo
o executivo açoriano, entre 1878 e 1913, emigraram para o Havai mais de
14.000 açorianos, sobretudo para trabalharem nas plantações de
cana-de-açúcar. Estes emigrantes "levaram
consigo a língua, a fé, os valores comunitários e uma forma insular de
estar no mundo", assinala o Governo açoriano.
Também práticas culturais como as Festas do Espírito Santo, bem como
tradições ligadas à música, à gastronomia e "aos valores de superação e
capacidade de integração que caracterizam as comunidades açorianas",
mantiveram-se vivas ao longo de várias gerações.A
criação da Casa dos Açores do Havai insere-se "numa visão mais ampla de
um mundo açoriano que se estende muito para além do território
insular", com comunidades profundamente enraizadas na América do Norte e
do Sul, nomeadamente nos Estados Unidos da América, Canadá, Bermuda,
Brasil e Uruguai, constituindo "uma rede viva de pessoas, instituições e
práticas culturais que constituem um ativo estratégico para o futuro",
sublinha.A Casa dos Açores do Havai
assume, assim, uma vocação que vai além da preservação da memória: será
um espaço de encontro entre passado, presente e futuro, capaz de
transformar herança cultural em cooperação concreta e visão estratégica.No
âmbito desta dinâmica, a comunidade açordescendente do Havai decidiu
avançar, a expensas próprias, com a construção do Centro Cultural
Saudades, com inauguração prevista para 2026, onde ficará instalada a
sede da Casa dos Açores.Implantado num
terreno com cerca de 4.000 metros quadrados, este projeto representa um
investimento global estimado em dois milhões de dólares.Nos
últimos quatro anos, o Governo dos Açores apoiou a criação de quatro
novas Casas dos Açores em Portugal, no Brasil e nos Estados Unidos da
América — Apiacá (2022), Coimbra (2024), Belo Horizonte (2025) e agora
Hilo (2025) — consolidando uma rede que dá corpo a uma ideia essencial:
ser açoriano é pertencer a um arquipélago e a uma comunidade global.As
Casas dos Açores são associações representativas das comunidades
emigrantes e dos seus descendentes, dedicadas à preservação da
identidade açoriana e à promoção de relações culturais, sociais e
económicas com a Região Autónoma dos Açores, através de protocolos de
cooperação.