Governo Regional aguarda que Marinha reforce fiscalização do mar dos Açores
30 de jul. de 2024, 16:25
— Lusa/AO Online
“Eu próprio acompanhei o senhor
presidente do Governo [Regional], numa reunião presencial com o senhor
Chefe do Estado-Maior da Armada, e penso que, a curto prazo, possamos
ter novidades sobre estas conversas”, revelou o secretário regional
do Mar e das Pescas, Mário Rui Pinho, durante uma audição na Comissão
de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
reunida em Ponta Delgada.O governante foi
ouvido a propósito de uma proposta de alteração ao diploma que define o
Parque Marinho dos Açores, elaborada para acolher o aumento de áreas
marinhas protegidas que a região pretende criar nos Açores (15% de
proteção integral e 15% de proteção alta).Na
audição, o titular da pasta do mar no arquipélago reconheceu a falta de
meios para fiscalizar as novas zonas, acrescentando que o executivo de
coligação PSD/CDS-PP/PPM tem estado em conversações com o Governo da
República.“Tendo um milhão de quilómetros
quadrados, por muitos homens que nós tenhamos, por muitos polícias
marítimos, muitos GNR, e por muitos inspetores que tenhamos, fazer a
gestão deste processo, não é linear”, admitiu Mário Rui Pinho.Além
do eventual reforço dos meios da Marinha na região, Mário Rui Pinho
explicou aos deputados que os Açores pretendem também reforçar os meios
da Inspeção Regional de Pescas, se possível, já no próximo ano.“Esperamos,
já no próximo orçamento regional, termos esse problema resolvido, que é
dotar a Inspeção Regional das Pescas de meios, senão todos, pelo menos
uma parte importante, para fazer o trabalho que tem para fazer”,
sublinhou o governante.Mário Rui Pinho
justificou também a urgência que o Governo Regional, liderado pelo
social-democrata José Manuel Bolieiro, tem em aprovar a legislação e
criar as novas áreas marinhas protegidas, lembrando que, até agora, a
região tem sido “pioneira” no processo e tem “liderado pelo exemplo”.“Não
podemos correr o risco de serem outros a decidir por nós”, acrescentou o
deputado do CDS-PP Pedro Pinto, insistindo na necessidade de a região
criar rapidamente legislação que regule as novas áreas marinhas
protegidas.Pelo PS, José Ávila, lembrou,
contudo, que “a pressa é inimiga da perfeição”, defendendo que região
devia dar oportunidade aos armadores, pescadores e à classe científica
para voltarem a pronunciar-se sobre o processo, por entender que o
assunto não foi devidamente debatido entre a comunidade piscatória.“É
insultuoso dizer que os cientistas não foram ouvidos”, respondeu o
secretário regional das Pescas, recordando que desde o início do
processo, em 2019, foram realizadas 43 reuniões nos Açores e auscultados
todos os parceiros do setor.O governante
recusou também a ideia de que o aumento das áreas marinhas protegidas
vai penalizar a pesca do atum nos mares da região, recordando que o
problema que o setor atravessa deve-se à migração dos tunídeos e não à
falta de locais de captura.“Não é
cientificamente verdade, que, retirando algumas destas áreas, a piscaria
do atum entre em colapso. Isto é absolutamente falso”, insistiu Mário
Rui Pinho, respondendo a questões levantadas pelos partidos da oposição.A
par das novas áreas protegidas, o Governo Regional quer também
reestruturar a frota de pesca nos Açores e criar compensações para quem
pretender abandonar a atividade.