Governo recusa voltar à “estaca-zero” na reforma das leis de trabalho
Hoje 12:26
— Lusa/AO Online
Em entrevista à RTP
Madeira, Rosário Ramalho admitiu também os impactos “económico” e
“social” da greve-geral de quinta-feira, embora dizendo que “os números
oficiais” da adesão dos trabalhadores à paralisação “não correspondem,
de modo nenhum, aos números que as centrais sindicais avançaram”.“O
Governo, obviamente, não está disponível para voltar à estaca-zero
porque apresentou este anteprojeto legitimado pelo programa eleitoral,
pelo programa de Governo e até pelo acordo tripartido que celebrou no
ano passado com a Concertação Social, incluindo com a UGT [União Geral
de Trabalhadores], e que previa que nós fossemos rever a legislação
laboral”, disse.A responsável pela tutela
defendeu estarem em causa “um conjunto de alterações muito
significativas” e que, portanto, “nunca é possível, tecnicamente,
começar da estaca-zero”.“Alguém tem de
tomar a iniciativa. Neste caso, foi o Governo, que apresentou como
anteprojeto e é isso que se está a debater, mas com toda a abertura”,
continuou.Segundo Rosário Ramalho, o
anteprojeto é “uma base de trabalho e não uma coisa acabada”, já que
“poderia ter sido uma proposta de lei, logo”, ou seja é um documento
para “construir soluções e as soluções encontram-se a meio do caminho”.“Teremos
de fazer um processo de aproximação entre as partes, mas tem que ser
dos dois lados. O Governo apresentou várias propostas sobre as primeiras
- esse anteprojeto. A UGT, até agora, é que ainda não apresentou
propostas, mas ficou de estudar as nossas”, descreveu.A
membro do Governo liderado pelo social-democrata Luís Montenegro
afirmou que o executivo “nunca” interrompeu as negociações e que foi a
UGT, “ao decidir decretar a greve [-geral]” a, “naturalmente”, provocar a
suspensão das reuniões.“Nós,
efetivamente, temos números - e esses números são oficiais –, que não
correspondem, de modo nenhum, aos números que as centrais sindicais
avançaram. Mas também avançaram [com os números da adesão dos
trabalhadores à greve-geral], muito precocemente, logo pela manhã”,
explicou.Para a ministra do Trabalho, os
dados “apontam para uma greve[-geral] que teve muito pouca expressão no
setor privado, portanto, ao nível das empresas” e que “teve mais
expressão no setor público”.“Mas,
independentemente dos números, obviamente que uma greve-geral tem sempre
grande impacto. Não só porque os setores onde, efetivamente, mais
adesões teve são setores que prejudicam, que impactam mais na economia -
por exemplo, se a escola fecha, não há só o problema da escola, mas
como o problema dos pais que têm de ficar com os filhos”, declarou.Rosário
Ramalho admitiu que “o impacto económico é maior que o número de
adesões porque é uma greve-geral” e que, “por outro lado, também há um
impacto social”, reiterando que “o Governo sempre considerou esta
greve[-geral] inoportuna porque as negociações estão a decorrer, mas não
deixou de a respeitar”.Na quinta-feira,
realizou-se uma greve-geral, a primeira convocada em Portugal pela
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses/Intersindical (CGTP/IN)
e pela UGT, juntas, desde há 12 anos, e afetou setores como
transportes, escolas, hospitais e centros de saúde, entre outras
empresas privadas como a AutoEuropa.