Governo realça que a região tem autonomia em matéria de Educação
4 de jan. de 2019, 19:55
— Lusa/AO online
“A
região dispõe de um estatuto de autonomia próprio, um estatuto de
autonomia amplo, um estatuto de autonomia que abrange a área da
educação, ao ponto de os professores da região terem um estatuto da
carreira docente diferenciado do estatuto nacional”, explicou Avelino
Meneses.O
governante regional falava aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, ilha
Terceira (Açores) à margem de uma reunião com os dirigentes do Sindicato
Democrático dos Professores dos Açores (SDPA).Tanto
Marques Mendes, no seu comentário semanal na SIC, como o
constitucionalista Paulo Otero, em declarações ao Diário de Notícias,
defenderam que a existência de três soluções para a recuperação do tempo
de serviço dos professores em Portugal (no continente, nos Açores e na
Madeira) era inconstitucional. Confrontado
com estas posições, Avelino Meneses lembrou que já em 2008 os
professores dos Açores recuperaram o tempo correspondente ao período
entre 2005 e 2007, reivindicando agora apenas sete anos de serviço,
quando no resto do país é exigida a recuperação de nove anos, quatro
meses e dois dias.“Se
o problema que está agora a surgir é um problema de eventualmente vir a
aparecer uma solução diferenciada no continente, outra na Madeira e
outra nos Açores, há cerca de 10 anos que nós no país já temos uma
situação de diferenciação, porque há cerca de 10 anos que os professores
dos Açores estão em vantagem sobre os professores da Madeira e do
continente”, afirmou.Questionado
sobre a verba necessária para aplicar esta medida nos Açores, o
governante rejeitou avançar com um valor, dizendo apenas que era “um
número avultado”.“Se
nós recuperássemos o tempo de serviço todo num ano, essas contas eram
muito fáceis de fazer, mas nós não vamos fazer isso. Nós vamos recuperar
durante seis anos. As contas que hoje se fazem podem não ser as contas
finais. Em 2019, vamos pagar menos, porque vamos pagar apenas a partir
de setembro. A partir de 2020 nós vamos pagar efetivamente mais, mas
também esse mais pode ser diferenciado de ano para ano, porque está
indexado à aposentação de um número maior ou menor de professores”,
adiantou.Quanto
ao peso que a recuperação do tempo de serviço dos professores terá no
Orçamento da Região para 2019, Avelino Meneses disse apenas que “o
orçamento garante esta solução”.O
presidente do executivo açoriano, Vasco Cordeiro, anunciou em novembro,
na Assembleia Legislativa da Região, que iria dar indicações para a
abertura de negociações com os sindicatos dos docentes para a
recuperação integral do tempo de carreira congelado (sete anos no caso
dos Açores), de forma faseada, em seis anos, a partir de setembro de
2019.O Governo
Regional remetia a decisão da recuperação do tempo de serviço dos
professores para a solução encontrada no continente, mas face à
aprovação de uma proposta na Assembleia da República para que fosse
reaberto o processo negocial, o executivo açoriano tomou uma posição
diferente.Mais
de um ano depois do início das negociações sobre recuperação do tempo
de serviço congelado, Governo da República e sindicatos não chegaram a
acordo e o executivo avançou sozinho com uma proposta de recuperação de
tempo de serviço que foi vetada no dia 26 de dezembro pelo Presidente da
República, exigindo a retoma do processo negocial com os sindicatos,
como estipula a lei do Orçamento do Estado para 2019.Os
professores recusam qualquer proposta que retire tempo aos nove anos,
quatro meses e dois dias de serviço e o Governo diz só existir
capacidade financeira para recuperar dois anos, nove meses e 18 dias.No último ano, houve greves, manifestações, protestos e acusações dos dois lados de falta de cedência.Esta
quinta-feira, representantes das dez estruturas sindicais de
professores concentraram-se na residência oficial do primeiro-ministro
para mostrar disponibilidade para iniciar um novo processo de
negociação.