Governo quer tirar saleiros das mesas e incentivar alimentos biológicos nas compras públicas
29 de dez. de 2017, 10:48
— Lusa/AO online
De
acordo com a Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação
Saudável (EIPAS), hoje publicada em Diário da República, pretende-se
também incentivar as empresas do setor agroalimentar a reduzir o tamanho
das porções dos alimentos e bebidas pré-embalados.Entre
outras medidas propostas pelo grupo de trabalho criado em 2016 para
elaborar esta estratégia estão igualmente a existência de dispensadores
de água gratuitos ou a distribuição de água nos serviços e organismos da
administração direta e indireta do Estado, promovendo o seu consumo.É
ainda proposto o alargamento das orientações já existentes para a
oferta alimentar em meio escolar e provenientes do Ministério da
Educação a todos os níveis de ensino, nomeadamente ao ensino superior, e
das orientações para os refeitórios escolares relativas ao sal iodado a
outras cantinas/refeitórios, além das escolas.A
EIPAS prevê igualmente que se alarguem as políticas de limitação do
volume e oferta dos pacotes de açúcar individuais à totalidade dos
agentes económicos responsáveis pela refinação e distribuição do açúcar e
que se incentive o setor da restauração a evitar a disponibilização de
bebidas açucaradas na modalidade «free refill» (livre enchimento).“Verifica-se
ainda uma significativa disponibilidade de alimentos com quantidades
elevadas de açúcar, sal adicionado e gorduras. A evidência científica
demonstra que o elevado consumo de açúcar está relacionado com a
prevalência de doenças crónicas como a obesidade e a diabetes, estando
por seu lado o consumo excessivo de sal associado à hipertensão arterial
e à doença cerebrovascular”, lê-se no diploma.No
texto hoje publicado em DR, as autoridades sublinham ainda que “os
estudos científicos demonstram também que a prevalência destas doenças é
muito elevada na população portuguesa, sendo que cerca de 1 em cada 4
portugueses possui hipertensão arterial e 1 em cada 10, diabetes”.“Atualmente,
e em Portugal, os hábitos alimentares inadequados são o fator de risco
que mais contribui para o total de anos de vida saudável perdidos pela
população portuguesa (15,8%) e um determinante importante da doença
crónica, representando mais de 86% da carga de doença no nosso sistema
de saúde”, refere o documento.A
EIPAS, dividida em quatro eixos principais e que envolve ministérios
como o da Saúde, Agricultura, Mar, Administração Interna, Educação,
Economia e Finanças, propõe igualmente que nos eventos públicos
organizados pelos serviços e organismos da administração direta e
indireta do Estado exista obrigatoriamente a oferta de água, fruta e ou
produtos hortícolas.O
Governo quer ainda incentivar a adoção de medidas pelos operadores
económicos para limitar a publicidade destinada a menores de idade de
produtos alimentares com excesso de sal, açúcar, gordura, nomeadamente
trans, e energia em eventos em que participem menores, designadamente
atividades desportivas, culturais e recreativas.A
estratégia prevê também a construção de um portal de informação sobre o
pescado e o seu valor nutricional, com materiais interativos para o
sistema de ensino, e propõe o alinhamento das prioridades de
financiamento das linhas de investigação nos laboratórios do Estado e
agências de financiamento com as prioridades nacionais da área da
promoção da alimentação saudável.No
âmbito da alimentação saudável, depois de ter criado novas regras para
os alimentos a disponibilizar nas máquinas automáticas de venda nas
unidades de saúde e nas escolas, o Governo assinou protocolos com a
indústria alimentar para reduzir o tamanho dos pacotes de açúcar, e com
os industriais de panificação para reduzir o teor de sal no pão, além de
ter aprovado a tributação das bebidas adicionadas de açúcar ou outros
edulcorantes.Na
quinta-feira, através de um despacho publicado em DR, o Governo decidiu
proibir os salgados, produtos de charcutaria bolos e refrigerantes,
entre outros, nas unidades de saúde públicas.