Governo quer redistribuir quota de espadarte para privilegiar armadores que descarregam nos Açores
21 de dez. de 2023, 13:13
— Paulo Faustino
A Secretaria Regional do Mar e das Pescas pretende
redistribuir quota de espadarte nos Açores de modo a privilegiar os
armadores que operam e descarregam o seu pescado no arquipélago em
detrimento dos que o fazem no Continente ou em Vigo (Espanha).Atualmente,
existem cinco embarcações com palangre de superfície pertencentes a
empresários do continente que, apesar de terem porto de armamento nos
Açores, não fazem descargas na Região. “Não queremos retirar a frota
regional a estes armadores, o que queremos é distribuir a quota de 313
toneladas de espadarte por forma a que consigamos maiores proveitos e
consigamos distender mais no tempo as descargas”, salientou o Secretário
Regional do Mar e das Pescas, que apresentou uma proposta nesse sentido
na recente reunião sobre a safra de atum que decorreu na Lotaçor, em
Ponta Delgada, e que juntou os agentes do setor.No ano passado, a
partir do final de maio, a quota da referida espécie esgotou nos Açores e
Manuel São João entende que “não podemos consentir que a gestão da
quota do espadarte seja feita à custa das embarcações que cá se
encontram a descarregar porquanto as outras cinco embarcações
descarregam diretamente no Continente ou em Vigo (Espanha), com todos os
problemas que isso nos acarreta”. Nomeadamente no que respeita à
contabilização das descargas, números esses que, enfatiza o governante, a
Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
(DGRM) “nos manda sempre tarde e a más horas”.O titular regional da
pasta das pescas deixa claro que o que a tutela pretende é reforçar as
embarcações que operam e descarregam na Região, “sem prejudicar em
demasia as embarcações com palangres de superfície que, sendo da Região,
descarregam no Continente, e depois avaliarmos, em meados do ano (de
2024), as descargas e, eventualmente, redistribuirmos o restante por
aqueles que se dedicaram mais a esta arte”.Existem 37 embarcações na
Região ligadas à pesca do espadarte “e, portanto, teremos que
eventualmente fazer uma revisitação a meio do ano, por forma a, por um
lado, aproveitar a quota e, por outro, valorizar o espadarte porque não
podemos ter espadarte a preços que, por vezes, saem nas lotas da
Região”.Na reunião ocorrida na Lotaçor, o secretário regional do Mar
e das Pescas propôs ainda um novo modelo de gestão para o atum patudo e
voador, envolvendo a produção e comercialização, com o objetivo de
aumentar o preço médio de venda na Região.