Governo quer reavaliar todos os benefícios fiscais
5 de fev. de 2018, 09:10
— Lusa/AO Online
Em
entrevista divulgada hoje pelo jornal, o secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, adianta que as “alterações
que vierem a ser feitas não levarão a aumento ou descida de impostos”.“Vamos
ter novidades muito em breve. Temos uma despesa associada aos
benefícios fiscais muito elevada e nem sempre conseguimos refletir no
relatório da despesa fiscal toda a [sua] magnitude. Faz sentido que se
faça um estudo aprofundado relativamente a todos os benefícios, para que
haja uma avaliação daquilo que deve ser a sua função dentro do sistema
fiscal”, disse.Questionado
sobre a nomeação de “uma espécie de comissão para fazer o estudo” sobre
a validade dos atuais benefícios fiscais, António Mendonça Mendes disse
que vai acontecer “em breve”.“Este
ano, temos duas grandes áreas em que estamos a trabalhar. Uma nos
benefícios fiscais, precisamente porque temos este diagnóstico – há
muitos benefícios fiscais, estão muito dispersos e o sistema não é
compreensível para as pessoas. É preciso saber se a despesa associada
está, ou não, a realizar a sua função”, salientou.De
acordo com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a avaliação
deve ser feita “não numa perspetiva de ganhar receita, mas de
neutralidade fiscal”.Questionado
sobre o fim da isenção de IMI dos edifícios do Estado, que já tinha
sido assumido pelo Governo, o secretário de Estado disse que o “assunto
não está fechado” e que “ainda está em curso dentro do Governo”.“Temos o princípio de que as alterações ao nível fiscal ou entram em vigor em julho ou a 01 de janeiro”, disse.Sobre
a possibilidade de mais mudanças nas deduções do IRS, António Mendonça
Mendes lembrou que “houve alterações cirúrgicas [este ano] relativamente
ao arrendamento de estudantes e pouco mais”.“É um assunto que iremos acompanhar, mas com este ponto: não podem introduzir regressividades”, disse.António
Mendonça Mendes adiantou também que o Governo quer criar uma solução
para os contribuintes negociarem antes de entrarem em conflito com o
fisco.Questionado
sobre o que há para mudar na justiça tributária, o governante disse que
os “meios de resolução dos litígios devem ser convocados – essa
discussão não se reduz só à arbitragem”.“Antes
do conflito, há todas as áreas do pré-conflito. Temos de identificar em
que pontos a cadeia pode haver, e deve ser introduzido
obrigatoriamente, esse diálogo conciliatório ou mediado, se for caso
disso”, disse.Em
entrevista ao Público, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
disse também que “os contribuintes podem estar descansados com a
informação guardada no fisco”, depois das falhas que omitiram dados
sobre 10.000 milhões de euros de transferências para ‘offshores’.António
Mendonça Mendes tranquilizou os contribuintes, salientando que a
informação recebido pela Autoridade Tributária está “bem segura”,
acrescentando “esperar que o apagão não venha a repetir-se”.No que diz respeito a novas regras de acesso às contas bancárias, o secretário de Estado diz que ainda estão “em stand-by”.