Governo quer proibir venda de tabaco em máquinas automáticas em 2025
10 de mai. de 2023, 10:41
— Lusa/AO Online
Caso
a proposta de lei do Governo seja aprovada pela Assembleia da
República, deixa de ser possível a venda de tabaco direta ou através de
máquinas de venda automática em locais como restaurantes, bares, salas e
recintos de espetáculo, casinos, bingos, salas de jogos, feiras,
exposições.Também nos festivais de música,
onde há “um marketing até bastante agressivo no sentido de promover a
compra e a utilização de tabaco e até de outros produtos de tabaco,
nomeadamente tabaco aquecido, vai ser proibido vender estes produtos”,
revelou à agência Lusa a Secretária de Estado da Promoção da Saúde,
Margarida Tavares.O objetivo é restringir a venda de tabaco a tabacarias ou similares e nos aeroportos a partir de janeiro de 2025.Segundo
a governante, as alterações à Lei do Tabaco, que deverão ser aprovadas
na quinta-feira em Conselho de Ministros, foram motivadas essencialmente
pela necessidade de transpor para a legislação nacional a diretiva
europeia, de 29 de junho de 2022, que equipara o tabaco aquecido a
outros produtos do tabaco, proibindo a venda de tabaco aquecido com
aromas.No entanto, vincou, “o foco é mesmo
na promoção da saúde”, que passa por “desincentivar o consumo de tabaco
e também reduzir a possibilidade de acesso ao tabaco, ou seja, da venda
de tabaco”. Por isso, as regras relativas
ao fumo nos espaços fechados de acesso ao público, onde já há “grandes
restrições”, vão ser mais apertadas.“Basicamente
deixa de haver locais onde seja possível fumar”, à exceção de alguns
espaços, como, restaurantes, bares, discotecas, que instalarem em
janeiro deste ano, decorrente da legislação, equipamentos que permitem
“ter espaços separados e protegidos para fumadores” e que poderão manter
até 2030. Há ainda exceções “muito específicas” como os aeroportos ou outros locais onde não é possível ir fumar a outro local.Margarida
Tavares destacou como a alteração “mais revolucionária” a restrição da
possibilidade de fumar nos espaços ao ar livre, dentro dos perímetros
onde estão instalados edifícios com acesso público, como hospitais,
centros de saúde, escolas ou faculdades, uma medida que deverá entrar em
vigor em 23 de outubro, o prazo da entrada em vigor da diretiva.“Em
alguns locais, como por exemplo nas prisões, se calhar seria um pouco
injusto fazermos uma coisa idêntica”, referiu, explicando que é possível
delimitar um espaço devidamente assinalado onde seja possível fumar.A
governante explicou que o que se pretende é criar cada vez mais
ambientes que “garantam às pessoas terem as melhores opções para a sua
saúde”, mas também desincentivar o consumo do tabaco e limitar o acesso,
sobretudo aos mais jovens, para que não comecem a fumar.“Queremos
criar uma geração livre de tabaco até 2040 e nós acreditamos mesmo que
isto é possível”, disse, salientando que o caminho que tem vindo a ser
percorrido em Portugal e noutros países tem dado resultados.Desde
que a Lei do Tabaco entrou em vigor em 2007, assinalou, “muitas coisas
mudaram”, havendo uma redução “muito importante” da prevalência e da
iniciação de tabaco.Em 2005/2006, a
prevalência era de 20,9% de fumadores (mais de 30% nos homens e cerca de
12% nas mulheres, valor que baixou para 20% em 2014 (28% nos homens,
13% nas mulheres) e para 19% em 2019 (24% nos homens e 11% nas
mulheres).“Fomos implementando restrições
aos locais onde é possível fumar e aos locais de venda, assim como
outras advertências que foram colocadas e isso teve um impacto muito
significativo, nomeadamente nos jovens”, realçou, lembrando um estudo do
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto que constatou que,
em 2003, 19,9% dos jovens com 13 anos já tinham experimentado tabaco,
enquanto em 2018 apenas 3,9% o tinham feito.