Governo quer Portugal entre as 15 nações da UE mais ativas na prática desportiva
23 de out. de 2020, 12:03
— Lusa/AO Online
A “meta ambiciosa” foi divulgada
num debate promovido pelo Panathlon Clube de Lisboa, que juntou nas
instalações do Ginásio Clube Português os últimos quatro responsáveis
governativos do setor, sob o pretexto dos desafios que se colocam no
âmbito desportivo à presidência portuguesa da UE no primeiro semestre de
2021.“O trabalho decisivo do ponto de
vista infraestrutural é garantir que o próximo Quadro Financeiro
Plurianual veja o desporto como uma área de investimento, mas também de
coesão territorial, e o desenvolvimento de programas que nos ajudem a
cumprir o desígnio do Programa de Governo, que é de Portugal estar entre
as 15 nações europeias mais ativas em 2030”, disse o Secretário de
Estado.Em março de 2019, segundo dados
publicados pelo Eurostat, Portugal era o segundo país da UE onde as
pessoas praticavam menos desporto fora do horário de trabalho, apenas
superado, pela negativa, pela Croácia.De
acordo com o serviço de estatística da UE, apenas 45% da população
portuguesa com 16 ou mais anos de idade praticava cinco ou mais horas de
exercício físico por semana, muito abaixo dos 72% de média da população
europeia.Já em janeiro deste ano, um
relatório divulgado pelo Eurpean Heart Network indicava que Portugal
está “em terceiro ou quarto lugar no topo dos países da EU com maiores
índices” de inatividade física, segundo o consultor da Organização
Mundial da Saúde para a atividade física e investigador do Instituto de
Saúde Pública da Universidade do Porto, Romeu Duarte.Nesse
sentido, o atual Secretário de Estado da Juventude e do Desporto
classificou a meta como “ambiciosa”, na presença dos seus três
antecessores, Emídio Guerreiro, Alexandre Mestre e Laurentino Dias.“É
uma meta ambiciosa, mas entendemos que temos condições de conseguir
alcançá-la, quer com o respetivo investimento nas infraestruturas, quer
no lançamento de programas que nos ajudem a cumprir o objetivo”, traçou
João Paulo Rebelo.Na discussão subordinada
ao tema “O Desporto Português e a União Europeia – do Tratado de Lisboa
ao Futuro”, o governante sublinhou o quadro de incerteza que a pandemia
de covid-19 coloca não só ao desporto, como à própria Europa no seu
todo, e prometeu para “breve prazo” um trabalho “inédito” do Instituto
Português do Desporto e Juventude (IPDJ) sobre o real cenário do tecido
desportivo no país após o impacto da pandemia.“Acho
meu dever, enquanto governante, ter políticas que se baseiem em
evidências, portanto determinei que o IPDJ fizesse este inquérito de
largo espetro a todos os clubes, associações e federações. Já decorreu a
fase de inquérito, de tratamento de dados e estamos a breve prazo de
poder partilhar esta radiografia com todo o movimento desportivo”,
assegurou.No âmbito da presidência
portuguesa da União Europeia, a partir de janeiro, Alexandre Mestre
desafiou o atual Secretário de Estado a tentar implementar um Plano
Europeu de Ética no Desporto, à semelhança do Plano Nacional da Ética no
Desporto, criado sob a sua alçada, em 2012, considerando que “é uma boa
prática e algo que pode ser trabalhado a nível da EU”.O
atual Secretário de Estado não fechou à porta à ideia e juntou-lhe o
Programa Nacional de Desporto Para Todos, iniciado em 2014 sob a tutela
de Emídio Guerreiro, classificando o conjunto de programas como “duas
boas ideias”.O debate teve início com
Laurentino Dias a lembrar que o Tratado de Lisboa foi um momento em que a
UE “pela primeira vez autorizou que o desporto aparecesse nos seus
documentos” e garantiu que este é um setor que não recebe a devida
importância de nenhum governo europeu.“Tínhamos
todos o mesmo problema: os nossos primeiros-ministros só se lembram do
desporto na hora em que alguém é campeão e deixam para nós a tarefa
ingrata de trabalhar pelo desporto nos outros dias todos”, disparou
Laurentino Dias numa afirmação que foi corroborada por todos os seus
sucessores.