Governo quer criar equipas próprias dedicadas às Urgências
16 de jan. de 2023, 18:26
— Lusa/AO online
Em
declarações aos jornalistas, no Porto, e quando abordado sobre os
problemas nas urgências dos hospitais, Manuel Pizarro avançou que está a
ser criado um Modelo de Equipas Próprias dedicadas à Urgência “com
condições técnicas e remuneratórias mais bem estruturadas”.“A
criação de equipas dedicadas na urgência, pelo menos nas urgências de
maior dimensão, pode ser uma solução [para os problemas nestes
serviços]. E, não havendo especialidade de Medicina de Urgência, podemos
criar estas equipas com condições técnicas e remuneratórias mais bem
estruturadas”, disse Manuel Pizarro.O
ministro da Saúde disse que “será criado um modelo que será adaptado
conforme as necessidades e as possibilidades de cada local” e usou o
exemplo do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no
Porto, para explicar a medida, mas salvaguardando que até neste hospital
a equipa tem de ser “aditivada”.“O
Hospital de São João é um dos hospitais do país que tem uma equipa
dedicada à urgência, mas essa equipa precisa de ser aditivada.
Precisamos de melhorar as condições para que ela continue a funcionar”,
disse o governante.Manuel Pizarro recordou
o chumbo, por parte da Ordem dos Médicos, à criação de uma nova
especialidade de Medicina de Urgência, mas não teceu comentários sobre a
pertinência ou não da criação desta nova especialidade, preferindo
apontar quais as medidas a levar a cabo para melhorar os serviços de
urgência dos hospitais portugueses.“Como é
sabido, a Ordem dos Médicos votou desfavoravelmente a criação da nova
especialidade de Medicina de Urgência, mas há caminhos para melhorar o
funcionamento da urgência”, disse, avançando que são três os domínios a
intervir.“Primeiro é preciso reduzir o
afluxo de pessoas à urgência. Temos de criar portas alternativas para
que os portugueses possam aceder à saúde em circunstâncias de doença
aguda que não seja a urgência”, disse.Sobre
este aspeto, Pizarro recordou como medidas já tomadas a abertura dos
centros de saúde ao final da tarde, bem como aos fins de semana, mas
admitiu que é preciso “sensibilizar as pessoas para utilizarem mais
estas alternativas”.O ministro da Saúde somou como medidas neste campo o recurso à linha SNS 24.“E
temos de melhorar a fluidez entre a urgência e o hospital. Muitos dos
problemas que vivemos hoje em algumas urgências são do conjunto do
hospital onde não há capacidade de internamento e isso prende-se com o
planeamento que temos de fazer”, disse.Defendendo
que é preciso “uma visão estruturada que permita alocar os recursos
financeiros” disponíveis, como os fundos do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR) ou os comunitários (PT2030), “às necessidades de forma
global para que se possa continuar a melhorar o serviço”, Pizarro
insistiu na necessidade de aumentar o planeamento na área da saúde.“Algo
que todos reconhecemos na área da saúde: a função de planeamento não
tem sido muito bem tratada nos últimos anos. Temos de perceber que o
planeamento é uma função central num serviço público tão sofisticado
como é o SNS [Serviço Nacional de Saúde], um serviço que tem a cada dia
mais de 2.000 sítios abertos e em 2022 fez mais de 50 milhões de
consultas, 650 mil cirurgias, 6 milhões de urgências. Um serviço desta
dimensão tem de ter um planeamento muito rigoroso”, concluiu.