Governo quer "conciliação" entre tribunais criminais e de família em casos de violência doméstica
22 de nov. de 2019, 15:52
— Lusa/AO Online
Esta
proposta vai ser submetida a consulta pública e surge da constatação de
uma “eventual dissonância” entre as decisões dos tribunais criminais e
os tribunais de família e menores nos casos de violência doméstica,
explicou a ministra da Justiça, Francisca Van Dunnen.Numa
conferência de imprensa na Presidência de Conselho de Ministros, em
Lisboa, para fazer o balanço das medidas apresentadas em agosto de
prevenção e combate à violência doméstica, a ministra da Justiça admitiu
estar à “procura de solução para um problema que está identificado”.“É
preciso encontrar um modelo quem permita fazer a conciliação das
decisões dos tribunais criminais e dos tribunais de família e menores
para que haja uma maior harmonia”, justificou.A
proposta do Governo é para que o “juiz de instrução, no momento em que
lhe é presente o agressor para a constituição do arguido, não só decide
sobre as medidas de coação aplicáveis naquele caso concreto, como decida
provisoriamente medidas provisórias relativamente às crianças caso elas
existam”.Francisca Van Dunnen explicou
que foram estudadas e analisadas várias situações de direito comparado,
que foram depois enquadradas do ponto de vista do ordenamento jurídico
português e tendo em conta as “limitações constitucionais” nacionais.“Pensamos
ter uma proposta de solução que será aquela que, no contexto atual, não
só do ponto de vista de operacionalização, como do ponto de vista
técnico, melhor responde”, defendeu.Nesse
sentido, o Governo propõe que o juiz de instrução criminal, quando tem
de decidir as medidas de coação a aplicar a um determinado agressor,
possa também determinar provisoriamente as medidas relativamente aos
menores que existam.De acordo com a ministra, essas medidas teriam depois de “ser validadas por um juiz especializado na área de família e menores”.A
proposta vai agora ser submetida a consulta pública, de modo a que esta
solução seja discutida com todas as entidades que têm intervenção
nestes processos, como para permitir que outras instituições e os
cidadãos possam tomar posição sobre esta matéria.