Governo propõe aumento do salário mínimo para 635 euros no próximo ano
13 de nov. de 2019, 10:19
— Lusa/AO Online
O Governo traçou como meta atingir 750 euros
até 2023, sendo a evolução decidida ano a ano. O salário mínimo
atualmente é de 600 euros. No documento
distribuído esta manhã na Concertação Social, o Governo propõe que "o
valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida seja fixado nos 635 euros a
partir de 01 de janeiro de 2020" e que os impactos da atualização do
salário mínimo "sejam monitorizados regularmente, em moldes a acertar
com os parceiros sociais". Além do valor
do salário mínimo para 2020, o Governo propõe aos parceiros sociais para
que "seja, desde já, iniciada uma discussão em sede de Comissão
Permanente de Concertação Social tendo em vista o alcance de um acordo
de médio prazo sobre salários, rendimentos e competitividade, em
articulação com matérias prioritárias como a valorização dos jovens
qualificados, a conciliação do trabalho, vida pessoal e familiar e a
formação profissional". No documento, o
Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social afirma que
"deve ser dada prioridade não apenas ao aumento do salário mínimo
nacional, mas também a uma estratégia mais transversal de valorização
dos salários e rendimentos em Portugal e de garantia da sustentabilidade
das empresas". O Governo sublinha ainda
que o aumento "tem sido acompanhado de um dinamismo significativo da
economia e do mercado de trabalho, sendo este visível também na gradual
redução do impacto da atualização do salário mínimo no emprego e na
massa salarial". A atualização do salário
mínimo "estimulou a valorização dos salários mais baixos, contribuindo
para a atenuação das desigualdades salariais e para a redução da pobreza
nas famílias", continua o ministério liderado por Ana Mendes Godinho.
Ainda assim, o Governo considera que "o crescimento da massa salarial
não alcançou ainda o ritmo de crescimento necessário para garantir o
desejado equilíbrio na repartição funcional dos rendimentos, e Portugal
continua a ser um dos países com maiores índices de desigualdade de
rendimentos da União Europeia". Nos
últimos quatro anos, o salário mínimo aumentou 14% em termos reais e foi
fixado em 600 euros este ano. Em setembro, o número de trabalhadores
abrangidos era de 720,8 mil. A proposta
do Governo de 635 euros fica aquém do reivindicado pela CGTP, que
defende um valor de 850 euros a curto prazo e 90 euros de aumento para
todos os trabalhadores em 2020. Já a UGT propôs 660 euros, mas admitiu
"recuar" para um valor "legítimo". As
confederações patronais têm insistido que o salário mínimo deve ser
"realista" e ter em conta critérios objetivos como o crescimento da
economia, a inflação e a produtividade.