Governo ordena inquérito sobre atuação policial em detenção de mulher na Amadora
22 de jan. de 2020, 14:46
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) refere que o
ministro Eduardo Cabrita "determinou à Inspeção Geral da Administração
Interna (IGAI) a abertura de um inquérito para apuramento dos factos
relacionados com a atuação policial ocorrida domingo, na Amadora, após o
pedido de intervenção do motorista de um autocarro de passageiros". O MAI adianta que a PSP “transmitirá à IGAI todos os elementos da averiguação interna que tem estado a realizar”. Na
segunda-feira, a Polícia de Segurança Pública já tinha anunciado a
abertura de um processo de averiguações sobre a atuação policial na
sequência da denúncia apresentada pela mulher detida contra o polícia de
serviço, alegando ter sido violentamente agredida pelo agente. No
âmbito desta ocorrência, a organização SOS Racismo recebeu “uma
denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra”,
indicando que a mulher ficou “em estado grave”, resultado das agressões
que sofreu na paragem de autocarros e dentro da viatura da PSP em
direção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora.Sobre
as circunstâncias da ocorrência, a Direção Nacional da PSP informou que
o polícia acusado de agredir a mulher detida “foi abordado pelo
motorista de autocarro de transporte público que solicitou auxílio em
face da recusa de uma cidadã em proceder ao pagamento da utilização do
transporte da sua filha, e também pelo facto de o ter ameaçado e
injuriado”, o que ocorreu pelas 20:30 de domingo, na Amadora.Ao
contrário da denúncia contra o polícia, a PSP afirmou que a mulher
reagiu de forma “agressiva” perante a iniciativa do polícia em tentar
dialogar, “tendo por diversas vezes empurrado o polícia com violência,
motivo pelo qual lhe foi dada voz de detenção”.Para
fazer cessar as agressões, o polícia “procedeu à algemagem da mesma,
utilizando a força estritamente necessária para o efeito face à sua
resistência”, registando que a mulher, “para se tentar libertar, mordeu
repetidamente o polícia, ficando este com a mão e o braço direitos com
marcas das mordidelas que sofreu e das quais recebeu tratamento
hospitalar”.De acordo com a PSP,
encontrando-se o polícia de baixa médica, “até ao momento, não foi
decretada a suspensão preventiva de funções”.Após
ter sido ouvida por um juiz de instrução criminal na terça-feira, a
mulher foi constituída arguida e sujeita à medida de coação de termo de
identidade e residência.O PS, Bloco de Esquerda e Livre já tinham questionado o Governo sobre a atuação policial.