Governo "obrigado" a encontrar solução para os professores depois do veto
27 de dez. de 2018, 08:48
— Lusa/AO Online
"Estou totalmente
de acordo com o que Presidente da República determinou. Acho que
determinou o mais lógico e se, por exemplo, na Madeira, onde o Governo
regional é do PSD, ou nos Açores, onde o Governo regional é do PS,
conseguiram fazer uma negociação a contento entre os professores e o
Governo, aqui em Portugal [continental], o Governo da República também
tem obrigação de o conseguir, contando o tempo todo, mas sempre
respeitando a sustentabilidade das finanças publicas", afirmou Rui Rio,
em conferência de imprensa, no Porto.O
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje o diploma
do Governo que prevê a recuperação parcial do tempo de serviço dos
professores.Numa
nota publicada na página da Internet da Presidência da República, o
chefe de Estado justificou a devolução ao executivo sem promulgação por
entender que a norma incluída pelos partidos no Orçamento do Estado para
2019 obriga a que o diploma "seja objeto de processo negocial".O
líder do maior partido da oposição reconheceu, contudo, que a
recuperação do tempo de serviço não pode ser feita de uma vez, mas
criticou o Governo, a quem pediu abertura negocial."Particularmente
na última reunião, já depois da aprovação do Orçamento do Estado, não
houve bom senso, o Governo chamou os sindicatos, fez uma curta reunião
para dizer que afinal já negociou e, com isto, cumpriu o Orçamento do
Estado. Isso é que foi uma habilidade política que não é aceitável.
Aquilo que nos propusemos e foi aprovado na Assembleia da República é
uma negociação, não é uma farsa de negociação", lembrou.Rui
Rio admitiu que se fosse primeiro-ministro "não podia dar tudo",
sublinhando, contudo, que é possível negociar no tempo a forma como se
reconhece os nove anos, fazendo-o "em quatro ou cinco anos" ou com a
antecipação da contagem do tempo para a reforma.
"Acho que o Governo perante isto, tem o parlamento todo contra. O
Partido Socialista ficou isolado, tem agora esta atitude do Presidente
da República, tem os sindicatos que demonstram abertura para negociar e
não têm uma posição rígida, eu acho que ficaria muito mal ao Governo
persistir nesta teimosia, não dar um pouco o braço a torcer e, neste
caso, o braço a torcer é negociar de espírito aberto", defendeu,
sublinhando que acredita haver condições para o Governo "emendar" esta
situação.O
Governo lamentou hoje que o veto do Presidente da República impeça que
seja contabilizada a recuperação parcial do tempo de serviço dos
professores, a partir de janeiro, e prometeu um "novo processo negocial"
com os sindicatos."O
Governo lamenta o facto de os educadores e os professores dos ensinos
básico e secundário não poderem ver contabilizados já a partir de 01 de
janeiro de 2019 os dois anos, nove meses e 18 dias", previstos no
decreto-lei hoje vetado pelo Presidente da República, lê-se num
comunicado do gabinete do primeiro-ministro, António Costa.No
comunicado, o executivo refere ainda que vai esperar a "entrada em
vigor do Orçamento do Estado para 2019 para iniciar um novo processo
negocial com as estruturas sindicais" dos professores, que têm vindo a
exigir que sejam contabilizados os nove anos, quatro meses e dois dias
que as carreiras estiveram congeladas.Na
nota, o gabinete de António Costa recorda que o decreto-lei "resultou
de mais de um ano de negociação entre o Governo e as estruturas
sindicais" e que, "ao longo de todo o processo negocial", "as estruturas
sindicais mantiveram a sua posição de intransigência, não aceitando
negociar nada que não fosse a recuperação integral de nove anos, quatro
meses e dois dias".Apesar
de esta solução, dos nove anos, quatro meses e dois dias, "ter sido
expressamente rejeitada pela Assembleia da República na votação na
especialidade do Orçamento do Estado para 2019", lê-se ainda no texto.