Governo não tem condições de pagar 156 ME de despesas com a covid-19 aos municípios
3 de nov. de 2022, 10:30
— Lusa/AO Online
“Neste momento, nós não temos condições de
corresponder a essa reivindicação da Associação Nacional de Municípios
(ANMP). A única abertura que temos, e já transmitimos, foi no âmbito
daquele que é o apoio do Fundo de Solidariedade da União Europeia”, que
representa um total de 60 ME, disse, em entrevista à Lusa, a ministra da
Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que tutela as autarquias.“Não
temos condições de acompanhar esse pedido de 156 ME, mas a nossa margem
é esgotar o pacote de 60 milhões dos fundos de resgate da União
Europeia, que são verbas que vêm diretamente da Comissão Europeia e que
vieram num contexto também de emergência”, acrescentou.Um
total de 156 ME é reivindicado pelos municípios ao Governo como o total
de gastos que tiveram no combate à covid-19, segundo uma avaliação do
Tribunal de Contas, uma verba que não consta do Orçamento do Estado para
2023 (OE2023), como esperavam.À Lusa, Ana
Abrunhosa explicou que foram abertos concursos para a verba disponível
de 60 ME, e que destes foram já atribuídos cerca de 40 ME, pelo que “a
margem do Governo estará em perceber como é que pode ainda transferir
cerca de 20 ME”.“Em situações de urgência e
de emergência - e bem - os municípios usaram toda a flexibilidade. Só
que muitas das vezes isso depois não acautela as exigências de
formalidade de documentação que nós temos quando pretendemos apoiar
essas despesas com fundos europeus. E é isso que justifica o facto de
termos aberto e aprovado um apoio de 60 ME e até agora só ter sido paga a
despesa que não chega a 40 ME”, explicou, sublinhando que, “sem juízos
de valor”, parte do que foi submetido em candidatura e aprovado “não foi
pago precisamente pelo rigor” exigido nos procedimentos e na
documentação que não foram acautelados num processo de “urgência e de
emergência, como foi o caso da covid-19”.Quanto
às despesas realizadas no combate à covid-19 pelas freguesias, que
ainda não receberam qualquer apoio, o secretário de Estado da
Administração Local, Carlos Miguel, destacou que o Governo está a
encontrar uma fórmula, no âmbito da Direção-Geral das Autarquias Locais
(DGAL), para apresentar à Associação Nacional de Freguesias (Anafre).A
DGAL beneficia, através do OE, de verbas para contratos-programa de
cooperação técnica e financeira com as autarquias, no valor de seis
milhões de euros, e poderá ser a partir desta verba que será adaptada
uma solução para as freguesias.“Teremos
que abrir avisos e terão que ser criadas regras que terão de ser iguais
ou idênticas àquelas que foram criadas para os municípios. Não há razão
para serem muito diferentes. E, através daí, as freguesias podem-se
candidatar e as candidaturas serão apreciadas pelas CCDR [Comissões de
Coordenação e Desenvolvimento Regional] e terão o seu percurso normal”,
explicou.O parlamento ouve hoje, no âmbito
do debate na especialidade da proposta de OE2023, a Associação Nacional
de Freguesias (Anafre) e a ministra que tutela as autarquias, Ana
Abrunhosa, estando prevista a votação final global do documento em 25 de
novembro.