Governo não caiu por causa de um processo judicial, “caiu de podre”
PSD/Congresso
25 de nov. de 2023, 12:30
— Lusa /AO Online
“Tenho evitado contribuir para degradar ainda mais as instituições democráticas e alimentar intrigas políticas. Mas se alguém vê nisso algum receio ou alguma inibição, era o que faltava, eu sou, fui sempre, um homem livre e direi sempre o que mais interesse aos portugueses”, avisou Montenegro, na abertura do 41.ª Congresso do PSD.O presidente do PSD defendeu que o executivo de António Costa – que anunciou a demissão a 07 de novembro – “não caiu por causa de um parágrafo” no comunicado da Procuradoria-Geral da República, “nem sequer por causa de um processo”.“O governo caiu de podre, por indecente e má figura na governação. Foram demasiadas mentiras, demasiados abusos de poder, demasiada falta de decência e transparência na vida política”, criticou, dizendo que “é sempre com o PS que o Estado se intromete nos negócios”.E deixou um aviso: “Portugal não é, não foi e não vai ser uma República das bananas”.Montenegro acusou ainda o PS de, nas últimas semanas, tentar instrumentalizar a justiça “para servir de álibi a erros políticos”.“Não que não estejamos todos sob escrutínio, é assim que tem ser, mas nos sítios próprios, com regras próprias e no tempo correto. O julgamento das pessoas e instituições não se faz na comunicação social, se isso é válido para políticos também é para magistrados”, disse.Montenegro disse ter confiança de que o povo português “é muito sábio e está atento e não vai beneficiar o infrator” nas próximas eleições de 10 de março.“Nós sabemos que isso não é suficiente para ganhar eleições e para governar o país. Não são as pessoas que estão erradas quando não votam em nós, nós é que temos de assumir que estamos errados por não lhes darmos os argumentos para confiarem em nós”, disse, repetindo uma ideia deixada no seu primeiro Congresso como líder em 2022.O presidente do PSD reiterou que só será primeiro-ministro se vencer as eleições – “quero sentir que essa é a vontade maioritária do povo português” – e prometeu apresentar noutra intervenção neste Congresso propostas para o país.“Vamos dar a Portugal uma vida nova e um Governo novo”, apelou, dizendo sentir que “a onda laranja já está muito forte” mas, reconheceu: “Os portugueses ainda não absorveram na plenitude a nossa força”.O primeiro-ministro apresentou a sua demissão em 07 de novembro, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios do lítio e do hidrogénio, que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.Perante essa decisão, que aceitou, o Presidente da República anunciou que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu adiar a demissão formal do Governo, que é feita por decreto, para permitir a aprovação final do Orçamento do Estado para 2023, marcada para 29 de novembro, e a sua entrada em vigor. Só nessa altura o executivo ficará limitado a atos de gestão.