Governo não assume nem exclui comparticipação de medicamentos para obesidade
24 de out. de 2022, 12:23
— Lusa/AO Online
No
Porto, à margem de uma visita ao Instituto Português de Oncologia
(IPO), Manuel Pizarro foi confrontado pelos jornalistas sobre a polémica
em torno do uso, para perda de peso, de um medicamento indicado para a
diabetes tipo 2 e com os pedidos de associações de doentes para que os
fármacos para tratamento da obesidade sejam comparticipados pelo Estado,
tendo respondido: “Não excluo [essa possibilidade] nem assumo”.“Quando,
e se for clinicamente indicado, abordaremos esse tema, mas sempre no
contexto de um plano integrado para abordar estas matérias”,
acrescentou.Manuel Pizarro disse que “o
tratamento de excesso de peso e obesidade é muito sério” porque Portugal
apresenta “quase 50% da população com excesso de peso ou obesidade e
30% das crianças com excesso de peso ou obesidade”, mas frisou que o
foco está na prevenção.“Nas crianças
estamos a melhorar. Na população está a ser mais lento. Abordar a
questão do excesso de peso e da obesidade é muito mais do que falar de
fármacos. Precisamos de um programa integrado para tratar deste assunto e
o primeiro alvo é a prevenção. Não estou a excluir a abordagem
farmacológica”, referiu.A 04 de março,
aquando do Dia Mundial da Obesidade, a Sociedade Portuguesa para o
Estudo da Obesidade e a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de
Portugal alertam para a necessidade de uma resposta mais eficaz a esta
doença, que é fator de risco acrescido para infetados com covid-19, um
alerta que tem vindo a ser reiterado ao longo dos últimos dias.“Apesar
de ser considerada uma doença crónica, diversas barreiras impedem o
controlo das taxas crescentes de prevalência da doença e uma intervenção
de sucesso", lê-se num documento divulgado por estas instituições.Entre
vários aspetos como a falta de resposta nos cuidados primários de
saúde, estas instituições apontam que os fármacos de tratamento da
obesidade não são comparticipados em Portugal, algo que defendem para
evitar “desigualdade económica no acesso ao tratamento por parte de
classes mais desfavorecidas”.A obesidade
afeta 650 milhões de adultos em todo o mundo (13% da população), matando
por dia quatro milhões. Em Portugal afeta 1,5 milhões, 16,9% da
população.A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE) aponta para 28,7% dos portugueses,
colocando Portugal como terceiro país europeu com maior prevalência da
doença, atrás da Hungria e da Turquia, o que leva a Federação Mundial da
Obesidade a prever que, em 2025, deverão existir 2,4 milhões de obesos
no país.