Governo marca reunião de conciliação entre Sindicato de Bancários do Norte e BCP
17 de mai. de 2019, 19:51
— Lusa/AO online
A
reunião decorre de um pedido do sindicato ao Ministério do Trabalho
para que haja, “com urgência, uma reunião de conciliação com vista à
solução de impasse em que se encontram as negociações relativas à
revisão do ACT BCP referentes a 2018”, lê-se no comunicado hoje
divulgado.O SBN exige atualizações
salariais com efeitos a 2018, pedindo desde já os aumentos salariais
acordados entre os sindicatos e a Associação Portuguesa de Bancos (que
foram em média de 0,75% em 2018), ao mesmo tempo que continuam as
negociações para a revisão do acordo de empresa do BCP.Segundo
explicou à Lusa o presidente do sindicato, Mário Mourão, há quase dez
anos que os trabalhadores do BCP não têm aumentos salariais, tendo tido
mesmo cortes entre meados de 2014 e 2017, e o presidente executivo do
banco, Miguel Maya, recusou em reunião aumentos salariais relativos a
2018.“Não aceitamos que em 2018 haja um apagão”, referiu.Já
para 2019, o banco quer dar aumentos de 0,6% e recusa-se a negociar,
diz o dirigente sindical, considerando que isso não é negociar, uma vez
que um processo negocial exige “sentar à mesa e aproximar posições”. Mário
Mourão diz mesmo que o BCP nunca respondeu à proposta reivindicativa do
sindicato e acrescentou que o Novo Banco que está em situação mais
difícil acompanhou, no ano passado, os aumentos salariais do setor.“Além
disso, no ano passado o BCP não se coibiu de pôr 4,9 milhões de euros
no fundo de pensões para administradores”, referiu o presidente do SBN.No
comunicado hoje divulgado, o SBN diz que o “impasse nas negociações
para 2018 representa uma verdadeira recusa do BCP de cumprir o dever de
negociar, o que é tanto mais inadmissível quanto é certo que a última
revisão do ACT para o Grupo BCP já foi publicado há mais de dois anos,
sem aumentos salariais, pelo que os trabalhadores do BCP se encontram
sem atualizações salariais desde janeiro de 2010, com a agravante de ter
havido redução das condições retributivas em 2014”.Na
reunião de conciliação de 24 de maio, próxima sexta-feira, participarão
ainda no encontro o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários
(SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB).Por
causa da falta de melhorias salariais, os trabalhadores do BCP
manifestam-se na próxima quarta-feira em frente às instalações do banco
no Taguspark, em Oeiras.A organização do
protesto é dos Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários
(SNQTB), Sindicato Independente da Banca (SIB) e Sindicato dos Bancários
do Norte (SBN) e coincide com a assembleia-geral anual de acionistas do
BCP.O BCP reduziu milhares de
trabalhadores nos últimos anos e entre meados de 2014 e meados de 2017
corotu as remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais (entre 3% e
11%), no âmbito do plano de reestruturação acordado com Bruxelas que se
seguiu à ajuda estatal (de 3.000 milhões de euros).Os cortes salariais acabaram em julho de 2017, tendo então o banco dito que permitiram salvar 400 postos de trabalho.Então,
o BCP prometeu devolver aos trabalhadores o valor cortado nesses anos,
indo à próxima assembleia-geral a proposta de compensação de 12,6
milhões de euros.Miguel Maya disse, em 09
de maio, na apresentação de resultados do primeiro trimestre, que a
proposta de compensação aos trabalhadores é "mais generosa" do que a
proposta de dividendos aos acionistas.Sobre
a revisão do acordo de empresa, que está a ser negociada com os
sindicatos, Miguel Maya não adiantou então detalhes, dizendo apenas que o
processo decorre.O BCP tinha 7.262 trabalhadores em Portugal no final de março.