Governo lamenta alegado envolvimento de português em homicídios nos EUA
Hoje 12:27
— Lusa/AO Online
“É com grande
consternação que sabemos que o principal suspeito, e que foi encontrado
morto, é um cidadão português. Isso também é algo que obviamente nos
causa uma grande tristeza e consternação”, disse, em declarações à Lusa,
o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.O
chefe da diplomacia portuguesa disse “lamentar muito” as mortes
causadas nos dois ataques e também que “haja um cidadão português
envolvido na prática de crimes desta natureza, que são crimes altamente
reprováveis, censuráveis, verdadeiramente terríveis para as vítimas e
para as suas famílias”. Rangel indicou
ainda que as autoridades norte-americanas têm estado em contacto com
Portugal, que tem prestado uma “cooperação muito grande”, mas ressalvou
que “as investigações estão longe de estar terminadas”.Este
caso levou a administração de Donald Trump a suspender o programa de
vistos (‘green card’), que permitiu a entrada nos Estados Unidos do
suspeito - uma decisão que Paulo Rangel disse respeitar.“As
reações da administração norte-americana são [tomadas] no exercício da
sua soberania e são aquelas que entende adequadas para lidar com
situações que preocupam muito legitimamente”, referiu. O
português Cláudio Neves Valente, ex-aluno da Brown, foi encontrado
morto na noite de quinta-feira com um ferimento de bala autoinfligido,
anunciou o chefe de polícia de Providence, no estado norte-americano de
Rhode Island, Oscar Perez, em conferência de imprensa.Segundo a investigação, o suspeito terá agido sozinho.Os
investigadores acreditam que o homem é responsável pelo ataque na
Universidade Brown, no sábado, e pelo assassínio do professor do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o português Nuno
Loureiro, morto a tiro em casa, em Brookline, na segunda-feira, de
acordo com a procuradora federal de Massachusetts, Leah B. Foley.Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas no ataque a tiro na Universidade Brown. Valente e Loureiro frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal, entre 1995 e 2000, acrescentou Foley.Loureiro, que cresceu em Viseu, formou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa.O português obteve o estatuto de residente permanente legal nos EUA em 2017.O
programa de vistos, conhecido como 'green cards' ou 'cartões verdes',
disponibiliza anualmente até 50 mil vistos, através de sorteio, a
pessoas de países pouco representados nos Estados Unidos, muitos deles
em África.Há muito que Trump se opõe a este programa e ao sorteio, que foi criado pelo parlamento norte-americano.Quase 20 milhões de pessoas inscreveram-se no sorteio de 2025, tendo sido selecionadas mais de 131 mil, incluindo cônjuges.Após
serem sorteados, devem passar por uma verificação para poderem entrar
nos Estados Unidos, que inclui uma entrevista em consulados e os mesmo
requisitos que os restantes candidatos a vistos.Os cidadãos portugueses ganharam apenas 38 vagas no ano passado.