Governo francês de Macron anuncia medidas sociais perante ameaça de derrota eleitoral
16 de jun. de 2024, 19:35
— Lusa/AO Online
O
primeiro-ministro, Gabriel Attal, explicou, numa entrevista ao canal da
televisão pública France 2, que, no programa eleitoral que está a
preparar para as eleições de 30 de junho e 07 de julho, “o poder de
compra será central” e que o seu lema será “ganhar mais e gastar menos”.A
fatura da eletricidade vai baixar 15% “a partir do próximo inverno”,
graças à “reforma do mercado europeu que conseguimos”, afirmou.Embora
não tenha fornecido mais pormenores, por detrás desta reforma está a
ideia de permitir que os consumidores franceses beneficiem da
eletricidade produzida pelas centrais nucleares, em vez de o preço ser
fixado pela última central que entra em funcionamento para satisfazer a
procura através do sistema marginalista.Attal
indicou que será criado um fundo para permitir às classes média e baixa
procederem à renovação térmica das suas casas, financiado por um
imposto sobre a compra de ações, com um objetivo de 300.000 habitações
até 2027.O chefe do executivo francês
referiu também que o montante anual dos bónus que as empresas podem
pagar aos seus trabalhadores, livres de impostos, será aumentado dos
atuais 3.000 euros por ano para 10.000 euros por ano.Segundo
o Governo, esses prémios - que permitem às empresas remunerar os seus
trabalhadores a título excecional, sem que essa remuneração seja
incluída no salário, e com isenção de impostos - beneficiaram em 2023
seis milhões de trabalhadores em França.Prometeu
igualmente que as pessoas que não têm um seguro que cubra parcialmente
despesas de saúde que não são reembolsadas pela Segurança Social poderão
ter um seguro público, pelo preço de um euro por dia.Antes
de anunciar todas estas medidas, Attal não se coibiu de atacar os dois
blocos políticos adversários que, segundo as sondagens, têm mais
hipóteses de vencer as eleições legislativas antecipadas, a União
Nacional (RN, na sigla em francês) da líder histórica da extrema-direita
francesa, Marine Le Pen, e a nova Frente Popular, que reúne os partidos
de esquerda.“Não queremos a ruína
económica que nos está a ser proposta”, declarou, antes de avisar: “As
oposições estão a prometer-nos mundos e fundos”.Tanto
o RN como a Frente Popular incluem no eixo central dos respetivos
programas medidas para aumentar o poder de compra dos cidadãos
franceses, que é a principal preocupação dos eleitores, segundo as
sondagens.No topo da lista dessas medidas,
está a redução dos preços da energia, quer através de uma redução dos
impostos, quer através de um congelamento dos preços.Cerca
de 32% dos franceses querem a vitória do RN, de extrema-direita, nas
eleições legislativas que se realizarão dentro de duas semanas, ao passo
que 26% apoiam a nova Frente Popular, coligação de esquerda, e 17%
querem a vitória do bloco presidencial centrista, liderado pelo partido
Renascimento do Presidente Emmanuel Macron.A
sondagem, realizada pela empresa Elabe para a estação televisiva BFMTV e
para o jornal La Tribune Dimanche, dava a escolher entre os três
principais blocos políticos candidatos às eleições de 30 de junho e 07
de julho, mas cerca de 25% responderam não ter opinião.Cerca
de 640.000 pessoas, segundo as entidades que convocaram os protestos, e
250.000 pessoas, segundo a polícia, manifestaram-se hoje em 150 cidades
e vilas de França contra a extrema-direita, numa demonstração de força
com um caráter marcadamente eleitoral, dada a proximidade das eleições
legislativas antecipadas.As manifestações,
convocadas pelos principais sindicatos franceses também para este
domingo, decorreram em Paris e noutras grandes cidades francesas. Na
capital, houve duas marchas que partiram da praça da República e
convergiram para a praça da Nação, noticiou a BFMTV.De
acordo com as estimativas da polícia citadas pela BFMTV, eram esperadas
entre 50.000 e 100.000 pessoas, o que fez com que os protestos fossem
um êxito, para as organizações que a elas se juntaram, como a
Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), os sindicatos de estudantes,
o SOS Racismo e a Liga dos Direitos Humanos.A
convocatória condena o “resultado sem precedentes” alcançado pelo RN,
de extrema-direita, a força mais votada nas eleições europeias de 09 de
junho, e afirma temer que a extrema-direita “ganhe poder” nas próximas
eleições.