Governo espanhol pede "unidade" mas PP critica falta de medidas
Ucrânia
30 de mar. de 2022, 11:33
— Lusa/AO Online
Sánchez
comparou a "reação e o papel" que o executivo assumiu face à crise
sanitária com o desempenho atual para mitigar as consequências do que
chamou "guerra de Putin" (invasão da Ucrânia pelas forças da Rússia). No
discurso perante os deputados no Parlamento de Madrid, o socialista
Pedro Sánchez referiu-se "aos enormes desafios" que a guerra está a
provocar, sublinhando a necessidade de ser alcançada "unidade" entre
todos os partidos políticos.Assim, pediu
"responsabilidade, inteligência e capacidade de sentido comum" a todas
as forças políticas no sentido de "entenderem" a gravidade do momento
porque, alertou, a situação é "inédita" e pressupõe "várias
possibilidades" que podem ser positivas, mas também "extremamente
negativas". "Não me parece que pedir
apoio e unidade no meio de uma pandemia e de uma guerra na Europa seja
pedir demasiado", disse o chefe do governo espanhol."Em
alturas excecionais são necessárias soluções extraordinárias", afirmou
Pedro Sánchez, frisando que não perdeu a "esperança" no sentido de
conseguir unidade entre os partidos políticos para o "bem da Espanha e
da Europa".A porta-voz do Partido Popular,
Cuca Gamarra, já criticou o discurso do primeiro-ministro, afirmando
que Sánchez não consegue "unidade" entre os membros do próprio executivo
e considerando "insuficiente" o plano do governo face à guerra da
Ucrânia, que não incluiu o alívio fiscal que tinha sido anteriormente
anunciado. "O PSOE arruína sempre as classes médias e trabalhadoras e depois vem o PP para consertar as coisas", disse Gamarra. Em
concreto, a porta-voz do PP criticou o governo do PSOE pelo afastamento
em relação ao alívio fiscal e ao aumento do preço da eletricidade, ao
contrário do que foi negociado com os presidentes das várias regiões
autónomas espanholas. "Concordo consigo,
a unidade é muito importante e sobretudo em assuntos externos estaremos
presentes. Mas, o que lhe pergunto é se consegue garantir unidade no
governo?", questionou Gamarra, referindo-se diretamente à falta de
consenso entre membros do Executivo sobre os gastos no setor da Defesa e
a recente posição de Madrid sobre o Saara Ocidental. Para
o Partido Popular, o plano do governo face às consequências da guerra
na Ucrânia é insuficiente, porque "já se passaram três semanas" sem que o
executivo tivesse tomado qualquer medida em relação à "hiperinflação
(9,8% em março), perda de poder de compra, encerramento de fábricas,
paralisação do setor das pescas e rutura na distribuição de alimentos
devido à greve nos transportes". "O seu
governo dividido diabolizou os transportadores que estão desesperados e a
trabalhar em situação de prejuízo. Sob qualquer padrão europeu já se
devia ter demitido", declarou Gamarra.Mesmo
assim, o PP votou a favor do aumento dos gastos no setor da Defesa e
pediu que as cidades autónomas espanholas de Ceuta e Melilla, no norte
de África, fiquem sobre a proteção da NATO.Sobre
a nova posição do governo do PSOE face ao Saara Ocidental, a porta-voz
do PP disse que Sánchez "acabou" com o consenso que sempre existiu e que
no passado "nenhum governo espanhol deixou de procurar uma solução"
sobre a questão no quadro das Nações Unidas. Criticando
as posições do governo sobre o Saara Ocidental, antiga possessão
espanhola reclamada por Marrocos, Gamarra recordou "as graves
consequências" que se verificam atualmente nas relações com a Argélia,
um dos fornecedores mais fiáveis de gás a Espanha.