Governo espanhol e sindicatos acordam reduzir semana laboral a 37,5 horas
20 de dez. de 2024, 15:49
— Lusa/AO Online
O
acordo prevê uma redução da atual semana de trabalho sem corte de
salário de 40 para 37,5 horas semanais em média média no cômputo anual,
sendo consideradas horas extraordinárias todas em as que ultrapassem
este máximo.Governo e sindicatos acordaram
ainda medidas para garantir o designado "direito à desconexão" dos
trabalhadores (não serem contactados pelo empregador fora do horário de
trabalho)."A redução da jornada afetará 12
milhões de pessoas", disse hoje a ministra do Trabalho e uma das
vice-presidentes do Governo espanhol, Yolanda Díaz, na apresentação e
assinatura do acordo, em Madrid.O
Ministério do Trabalho e as duas centrais sindicais (CCOO e UGT)
pretendem ver em vigor este acordo até ao final de 2025, embora
reconheçam que terá de passar por um crivo difícil no parlamento
espanhol, onde não estão garantidos os apoios necessários para ser
aprovado e onde uma maioria de partidos de direita se poderá unir para o
bloquear.A redução da semana de trabalho
faz parte do acordo de coligação do atual Governo de Espanha, que foi
alcançado há pouco mais de um ano entre o Partido Socialista (PSOE), do
primeiro-ministro Pedro Sánchez, e o Somar, a plataforma de esquerda de
Yolanda Díaz.PSOE e Somar não têm maioria
absoluta no parlamento e dependem de negociações com uma 'geringonça' de
mais seis partidos para aprovar leis.Para
além disso, esta semana, foi tornado público o desentendimento entre
Yolanda Díaz e a fação socialista do Governo, nomeadamente, o ministro
da Economia, Carlos Cuerpo, em relação aos termos de aplicação dessa
redução da jornada laboral em Espanha.Carlos
Cuerpo defendeu uma flexibilização dos prazos de aplicação, de forma a
estendê-la para além do final de 2025, algo de que Yolanda Díaz
discorda."Sabemos que hoje é um dia muito
importante, mas que não é o fim de nada", reconheceu o secretário-geral
da CCOO, Unai Sordo, que lidera a maior central sindical de Espanha.Unai
Sordo e o secretário-geral da UGT, Pepe Álvarez, disseram estar
"conscientes da dificuldade do processo parlamentar" que vai enfrentar o
acordo hoje assinado e que poderão ser introduzidas mudanças no texto
por pressão das confederações patronais, mas instaram a que os partidos
cheguem a um acordo e prometeram mobilização e pressão para tornar
realidade a redução da semana laboral em Espanha em 2025.Os
sindicatos e a ministra defenderam estar em causa uma questão de
justiça social, lembrando que em Espanha a semana de trabalho se mantém
legalmente nas 40 horas há mais de 40 anos, apesar de no mesmo período
ter aumentado a produtividade por hora trabalhada em mais de 50%.Apesar
de ter recusado assinar o acordo de hoje, a maior confederação patronal
de Espanha (CEOE) manteve-se na mesa das negociações nos últimos 11
meses, o que a ministra Yolanda Díaz saudou, tendo apelado para que os
empresários mantenham o diálogo na nova etapa, a do processo
legislativo.Também os líderes sindicais fizeram o mesmo apelo à CEOE.