Governo dos Açores vai limitar subidas diárias ao vulcão dos Capelinhos
26 de set. de 2017, 09:24
— Lusa/AO Online
“A
partir do ano que vem vamos implementar uma portaria em que a subida ao
vulcão dos Capelinhos será controlada pelo parque natural, à semelhança
do que é no Pico. As pessoas vão ter que subir ao vulcão com visita
acompanhada por um guia certificado, como sucede na caldeira do Faial”,
disse à agência Lusa o diretor do parque natural da ilha, João Melo.Segundo
o responsável, “a capacidade de carga máxima de referência para o
percurso é de 50 visitantes diários, podendo ser reduzida ou aumentada
até 25%” em função do estado do trilho e das condições meteorológicas.João
Melo explicou que a medida se deve sobretudo à “estratégia de
conservação do património, quer natural, quer geológico” da região,
sendo que a preservação do património geológico passa muito pelo
“controlo do visitante nas áreas nobres dos Açores”.“Outra
situação é a segurança das pessoas, que estão a subir a um território
pouco consolidado, com arribas frágeis que podem facilmente cair e devem
ser guiadas para fugir destes perigos”, destacou.O diretor do
Parque Natural do Faial adiantou que esta medida “irá permitir menos
pisoteio, menos erosão”, ressalvando que tal “não significa
estabilização completa daquele território”.“Esta será,
provavelmente, a medida que vamos conseguir implementar que melhorará a
erosão, mas sobretudo melhorará o ‘saco’ que existe de material
geológico dali que as pessoas trazem quando sobem”, frisou.No
combate à erosão, João Melo apontou também a recuperação da vegetação
natural daquela zona, que o parque natural desenvolve, “mas que também
não estabilizará de todo aquela área”.“Na zona mais junto à
estrada [que dá acesso ao Centro de Interpretação do Vulcão dos
Capelinhos], a vegetação natural está toda a recuperar e isso,
obviamente, vai estabilizar aquelas areias e aquele solo”, observou.Contudo,
“a terra nova que está mesmo próxima ao mar tem muita pouca capacidade
de fixação de vegetação natural, porque são areias”, pelo que “a própria
planta, ao estabilizar, leva com areia e acaba por secar e morrer”.A erupção do vulcão dos Capelinhos começou a 27 de setembro de 1957 e terminou a 24 de outubro de 1958.A
acumulação dos 174 milhões de metros cúbicos de material emitido pela
erupção acrescentou à ilha do Faial cerca de 2,4 quilómetros quadrados
de área, que a erosão reduziu para um quarto em seis décadas.Atualmente,
na Região Autónoma dos Açores há limites diários de acesso à montanha
do Pico, o ponto mais alto de Portugal, com 2.351 metros de altitude, ao
ilhéu de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, e à Caldeira do
Faial.