Governo dos Açores tem como "dado adquirido" que SATA tem de devolver 73 ME
10 de dez. de 2020, 11:42
— Lusa/AO Online
"Foi-nos
comunicado verbalmente, como corresponde ao formato de uma
teleconferência, e foi-nos comunicado de forma colaborante, que é um
dado adquirido que, na investigação às ajudas que constituíram os
aumentos de capital da SATA (...), por não terem sido comunicadas
previamente a Bruxelas, constituem ajudas ilegais e têm que ser
devolvidas", declarou Joaquim Bastos e Silva, falando aos jornalistas na
cidade da Horta.Durante o debate do
Programa de Governo dos Açores, que arrancou na quarta-feira no
parlamento açoriano, o secretário das Finanças indicou que os três
apoios investigados pela Comissão Europeia, no valor de 73 milhões de
euros, foram considerados "ajudas públicas ilegais" porque "não
obtiveram autorização prévia" da entidade.Posteriormente,
fonte do executivo comunitário havia referido à agência Lusa que a
investigação aberta às ajudas à transportadora SATA "continua".Questionada
sobre o anúncio do Governo açoriano, Bruxelas sublinhou que a
investigação sobre "alguns apoios públicos à SATA continua"."Nesta
fase, não conseguimos prever em que momento [será revelado] e que
resultado terá a investigação. De acordo com a prática normal, a
Comissão está em contacto com Portugal e outras partes interessadas no
contexto da sua investigação em curso", prosseguiu a mesma fonte.Hoje,
no seguimento das palavras da Comissão, Bastos e Silva frisou que a
teleconferência em que lhe terá sido comunicada a posição de Bruxelas
teve 12 pessoas presentes e a indicação comunitária foi feita "para
ganhar tempo" e "não haver risco de interrupção do serviço da SATA", até
porque reestruturar a operadora sem esta devolver as ajudas em causa
"não é possível"."Bruxelas também está
preocupada com a SATA. (...) A comunicação formal [da obrigatoriedade da
devolução do dinheiro] far-se-á mais à frente, mas é um dado
adquirido", insistiu Joaquim Bastos e Silva.Em
meados de agosto, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um auxílio
estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea
açoriana SATA, mas abriu uma investigação para avaliar o cumprimento das
normas comunitárias em três apoios públicos à companhia.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pela pandemia de covid-19.Foi devido a
essas dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017,
três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar carências de
liquidez.São estes apoios públicos que
Bruxelas investigou e definiu como ilegais, declarou hoje o secretário
regional do novo executivo açoriano com a tutela das Finanças.