Governo dos Açores rejeita embarcar em dúvidas sobre sucesso da autonomia
O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, disse hoje, em Vila Franca do Campo, que não se pode embarcar nas dúvidas sobre o sucesso da autonomia constitucional da região, que está a assinalar 40 anos.

Autor: LUSA/AO Online

“Não podemos embarcar, seja por comodidade de posicionamento ou por interesses conjunturais, nas dúvidas sobre o sucesso, a importância ou os resultados da nossa autonomia”, afirmou Vasco Cordeiro, na sessão solene do Dia da Região Autónoma dos Açores. Segundo o chefe do executivo regional, “40 anos de um percurso assinalável provam que assim não é”, sustentando que estas quatro décadas “provam que fazê-lo é tomar a nuvem por Juno, confundindo a capacidade, ou a falta dela, dessa formidável conquista dos açorianos com as eventuais falhas no cumprimento da obrigação de propor, de apresentar soluções e de concretizar que a todos obriga e que sobre todos impende”. “Tomando como referência a nossa história, ninguém hoje poderá questionar que estes 40 anos de autonomia correspondem ao ciclo de maior desenvolvimento, de maior progresso, de maior coesão regional e territorial, de reforço, inclusive, da nossa identidade coletiva, assim como, e não menos importante, de efetiva promoção de igualdade de oportunidades”, declarou. Antes, Vasco Cordeiro salientou que a autonomia não é, apenas, “um processo de descentralização política e administrativa que a Democracia possibilitou que fosse feito também no interesse e para servir objetivos do próprio Estado”. “Estamos, fundamentalmente, a falar da consagração constitucional de uma luta, de uma ambição e do sonho de um povo que não se conformou com o desprezo a que o votaram na mais cruel forma do esquecimento, do centralismo e do mando ignorante porque distante”, defendeu. O presidente do Governo Regional advertiu, contudo, que decorridos 40 anos convém ter presente que hoje não se celebram “as legítimas perspetivas individuais, os projetos ou a visão particular de cada um”. “Celebramos, isso sim, a autonomia que resulta da força criadora de uma Democracia madura, a autonomia que resulta da participação e do contributo de todos os que, aos mais diversos níveis, e nas mais diversas funções, para ela contribuíram e a ajudaram a crescer”, adiantou, considerando, por isso, que, “não há, nem pode haver, paternidades privilegiadas ou acrescidas legitimidades fundacionais, que não comecem e acabem no povo açoriano”. Para Vasco Cordeiro, interessa agora ampliar as possibilidades de ação e de intervenção da autonomia regional, no âmbito da participação cívica, no desenvolvimento económico e social, na promoção dos interesses regionais, no reforço da unidade nacional e dos laços de solidariedade entre os portugueses. No caso da participação democrática, entre os desafios está o “combate a uma abstenção persistente, mas, sobretudo, a luta por uma cidadania mais participante” e, se em matéria de desenvolvimento económico e social, “muito já foi alcançado”, a região deve ser exigente na criação de “mais e melhor emprego” e no “crescimento sustentável”, preconizou Vasco Cordeiro. Exigência que deve estender-se, também, em soluções para o aproveitamento dos recursos do mar ou da posição geoestratégica do arquipélago, na capacitação de áreas como a saúde ou a educação, esta última, “mais do que outros aspetos”, para ser, cada vez mais, um “efetivo fator indutor da melhoria do futuro de cada açoriano”, acrescentou Vasco Cordeiro.